Fórmula 1

Sem os Red Bull ao barulho, Carlos Sainz vence um GP Singapura com o mais emocionante final desta temporada

Sem os Red Bull ao barulho, Carlos Sainz vence um GP Singapura com o mais emocionante final desta temporada
MOHD RASFAN

E à 15.ª corrida de 2023, o vencedor não foi um Red Bull. Carlos Sainz conquista o GP Singapura, em que à entrada da última volta os quatro primeiros estavam separados por menos de quatro segundos

O marasmo dominador da Red Bull na temporada de 2023 teve um pequeno interlúdio este fim de semana. Os treinos livres e a qualificação já tinham deixado claro que Singapura não seria o passeio do costume para os Red Bull, com Max Verstappen a partir apenas de 11.º, e a corrida confirmou que nem sequer um pódio estaria nos cenários mais otimistas para os carros austríacos.

E, sem a Red Bull a ditar opressivamente as suas regras, a Fórmula 1 voltou a ser emocionante, com Ferrari, Mercedes e McLaren com hipóteses de vencer a prova do sudeste asiático à entrada da última volta do grande prémio, numa corrida em que a estratégia foi determinante, no omnipresente caos que a cada ano se monta nas ruas de Singapura.

Mesmo que Carlos Sainz tenha liderado do início ao fim, a segunda vitória da carreira do espanhol, não faltou emoção: na derradeira volta, o piloto da Ferrari, Lando Norris (McLaren), George Russell (Mercedes) e Lewis Hamilton (Mercedes) seguiam num nervoso comboio, separados por menos de quatro segundos, com Russell, na luta pelo 2.º lugar, a arriscar em demasia e a despistar-se já com a meta praticamente à vista, deixando o último lugar do pódio para o colega de equipa.

Antes disso, Carlos Sainz tinha feito boa parte do trabalho ao conseguir uma boa partida, mantendo-se na dianteira, com Charles Leclerc, de pneus macios, a assaltar o 2.º lugar de Russell - uma boa jogada da Ferrari, que trabalhou depois da melhor forma a gestão dos pneus do espanhol.

Como já é tradição, o safety car fez uma visita ao traçado de Marina Bay - nunca um GP Singapura terminou sem pelo menos um safety car - depois de um toque nas barreiras de Logan Sargent (Williams). Quase todos os favoritos aproveitaram a borla para ir à box. Os dois Red Bull, partindo de duros, mantiveram-se em pista, passearam-se ainda pelos primeiros lugares, mas não por muito tempo, não se conseguindo defender das borrachas em melhor estado dos rivais.

No rádio, George Russell sublinhava aos seus engenheiros que o objetivo era “ir para a vitória” e, na teoria, as opções de pneus novos dariam alguma vantagem à Mercedes. À volta 43, a desistência de Esteban Ocon ativou o safety car virtual, com Russell e Hamilton a serem os dois únicos (além de Alonso) a entrarem na box para trocar de pneus, quando faltavam já menos de 20 voltas para o final da corrida.

Foi um arriscar da Mercedes talvez necessário, mas que acabaria por não trazer os desejados resultados práticos: colocar Russell com pneus com melhores condições para lutar com Sainz pela vitória nas voltas finais. Aproveitou Norris, que se aferrou ao 2.º lugar com alguma ajuda de Sainz, que lhe deu DRS para se defender dos Mercedes.

A última volta foi de tensão máxima - e há quanto tempo não víamos tal coisa na Fórmula 1 - com Sainz praticamente sem aderência nos pneus, mas a conseguir segurar a vitória, numa altura em que Norris, mais do que atacar o 1.º lugar, precisava de afastar Russell. Só que Russell afastou-se sozinho, com um custoso erro dentro da última volta, que o deixou enfaixado nas barreiras de proteção.

Mais atrás, Max Verstappen ainda recuperou até ao 5.º lugar e Perez, o outro Red Bull, terminou em 8.º, à frente de um impressionante Liam Lawson, o substituto de Daniel Ricciardo na AlphaTauri que pontuou à sua terceira corrida.

Dia para esquecer também para Fernando Alonso, apenas 15.º e último entre os carros que acabaram a corrida, entre penalizações e piões, num fim de semana terrível para a Aston Martin.

A caravana segue agora para Suzuka, onde já no próximo fim de semana se corre o GP Japão.

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