O conselheiro da Red Bull, o ex-piloto austríaco Helmut Marko, pediu desculpa alguns dias depois de associar a origem de Sergio Pérez, o segundo piloto da equipa, com a sua capacidade como piloto, nomeadamente no que toca à concentração e ao aspeto mental.
Tudo começou depois de mais um pódio do mexicano no Grande Prémio de Itália, somente atrás do crónico vencedor Max Verstappen. Marko falou a um dos canais da marca de bebidas energéticas e experimentou traçar uma suposta limitação de Pérez. “Sabemos que ele tem problemas na qualificação, tem flutuações na forma, ele é sul-americano e não se foca completamente como o Max ou o Sebastian [Vettel]”, atirou o conselheiro. É um daqueles dogmas que ganham oxigénio no desporto, como o racismo contra guarda-redes negros no futebol ou o compromisso de atletas brasileiros.
O primeiro problema na narrativa de Marko, esquecendo a xenofobia atroz obviamente, está na origem de Sergio Pérez, um cidadão de Guadalajara, no México, que não pertence à América do Sul. Depois, segundo o “The Athletic”, esta não foi a primeira vez que Helmut Marko se referiu ao piloto nestes termos, alguém que contribui fortemente para os títulos de construtores da Red Bull. E, claro está, num plano menos insultuoso, o austríaco ignora ou desconhece a história e o legado de pilotos sul-americanos como Ayrton Senna ou Juan Manuel Fangio ou tantos outros.
Sergio Perez, na Red Bull desde 2021, não terá reagido ainda, ao contrário da organização do Grande Prémio do México, que definiu que aquelas palavras,“comentários impróprios”, não tinham lugar no desporto, pedindo ainda consequências.
Já o conselheiro, de 80 anos, publicou na sexta-feira um comunicado a pedir desculpa. “Quero pedir desculpa pelo meu comentário ofensivo e quero deixar absolutamente claro que não acredito que podemos generalizar relativamente a pessoas de qualquer país, qualquer raça, qualquer etnia”, podia ler-se num documento publicado pela ServusTV, onde as lamentáveis foram proferidas em primeiro lugar.
“Eu estava a tentar explicar que a performance do Checo tem oscilado este ano, mas foi errado atribuir isso à sua herança cultural”, acrescentou.
O mexicano, de 33 anos, está na Fórmula 1 desde 2011 e não é um piloto qualquer: ganhou seis corridas, esteve em 34 pódios e acumulou 1420 pontos nas 250 corridas em que participou.
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