Quando o positivo à covid-19 que lhe retirou o sonho cor-de-rosa do Giro ainda estava bem fresco na memória, João Almeida disse, à Tribuna Expresso, que o regresso à competição provavelmente se daria nos campeonatos nacionais de estrada. Logo ali o corredor de A-dos-Francos sublinhou uma diferença face que tinha vivido em anos anteriores na corrida que dá o direito a transportar as cores portuguesas durante um ano: teria companheiros de equipa que o poderiam ajudar. E, em Mogadouro, esse auxílio foi fundamental.
Numa prova em que Rui e Ivo Oliveira foram ajuda preciosa, João Almeida foi o mais forte nos 167,5 quilómetros do percurso que tinha um circuito final, chegando isolado, 52 segundos à frente de Tiago Antunes (Efapel Cycling), o segundo classificado, e de Fábio Costa (Glassdrive-Q8-Anicolor), o terceiro. Rui Oliveira, companheiro de Almeida na UAE-Emirates, foi quarto, com Ivo Oliveira a concluir na oitava posição.
João Almeida esteve sem competir desde 25 de maio, data da última etapa que concluiu no Giro, até 24 de junho, quando se disputou a prova de contra-relógio dos nacionais. Na luta contra o tempo, o caldense foi o terceiro mais rápido a terminar os 33,6 quilómetros em Mogadouro. O título de contra-relógio, que em 2021 havia sido de Almeida, foi para o corpo de Rafael Reis (Glassdrive-Q8-Anicolor), que foi 29 segundos mais rápido do que que Ivo Oliveira e 41 segundos mais rápido do que Almeida. Nélson Oliveira, que já foi quatro vezes campeão nacional na especialidade, não participou. O homem da Movistar deverá estar no Tour, que começa dia 1, em Copenhaga.
A prova em linha foi, assim, a primeira de João Almeida desde a paragem devido à covid-19. Ausente do Tour, no qual Portugal terá esperanças postas em Rúben Guerreiro enquanto se prevê novo duelo esloveno, o ciclista da UAE-Emirates tem os olhos postos na Vuelta, que arranca a 19 de agosto, e estes nacionais foram o primeiro passo rumo à corrida espanhola.
Ivo Oliveira, presente numa fuga na fase inicial, e Rui Oliveira, nos quilómetros finais, foram fundamentais para o ataque bem sucedido de João Almeida perto da meta. A dois quilómetros de chegada, o caldense arrancou e fez a diferença, deixando toda a concorrência para trás.
João Almeida consegue assim a proeza de já ter sido campeão nacional em linha e contra-relógio em juniores (fê-lo em 2016 em ambas as variantes), sub-23 (conseguiu-o em 2019, também nas duas especialidades) e elites (o triunfo neste ano segue-se ao do contra-relógio de 2021). No final da prova, o corredor disse que a vitória "se deve" a Rui e Ivo Oliveira, que "trabalharam muito".
Almeida sublinhou que "será muito bom representar as cores nacionais no estrangeiro", já que o campeão de cada país pode envergar a camisola com os símbolos da sua nação nas provas em linha em que competir. O caldense sublinhou que a prova foi "muito dura" e traçou os seus planos para os próximos tempos: fazer um estágio de altitude em Andorra para "recuperar a forma" e depois disputar a San Sebastián-Burgos, "tendo em vista a Vuelta", onde "tudo pode acontecer".