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“Não cresci com o nome dele, cresci com o meu": Erriyon Knighton não quer ser Usain Bolt, mas ambiciona quebrar o seu recorde (outra vez)

“Não cresci com o nome dele, cresci com o meu": Erriyon Knighton não quer ser Usain Bolt, mas ambiciona quebrar o seu recorde (outra vez)
Patrick Smith

Começou no desporto como jogador de futebol americano, mas, ainda no secundário, mudou-se para o atletismo e as coisas não lhe têm corrido nada mal até agora. Erriyon Knighton é mais rápido que Usain Bolt quando este tinha a sua idade e já só pensa em bater o recorde mundial do jamaicano. É já o quarto da lista dos mais rápidos da história e chegou lá com apenas 18 anos

O nome que aparece no topo da lista dos corredores mais rápidos de sempre nos 200 metros não surpreende ninguém. Usain Bolt, vencedor de oito medalhas olímpicas, conseguiu um tempo de 19,19 segundos nos Mundiais de Atletismo de Berlim, em agosto de 2009, e ainda ninguém o conseguiu superar.

Os dois nomes seguintes são também bastante conhecidos: Yohan Blake, vencedor de duas medalhas de ouro olímpicas, está em segundo lugar, com 19,26 segundos durante a Diamond League de Bruxelas, em setembro de 2011; o terceiro homem na lista é o norte-americano Michael Johnson, com um tempo de 19,32 segundos.

Em quarto lugar está Erriyon Knighton.

Talvez não seja tão fácil de identificar como os três anteriores, pelo menos até agora. Se tudo correr como parece estar encaminhado, talvez este nome venha a aparecer antes de qualquer um dos outros três.

Knighton tornou-se o quarto corredor mais rápido da história nos 200 metros apenas alguns meses após o seu 18.º aniversário, a 30 de abril. O atleta ainda estava a semanas de terminar o ensino secundário quando assinou a marca dos 19,49 segundos, baixando o seu próprio recorde mundial de júnior, que já pertencera a Bolt. Vencer essa corrida não foi uma grande surpresa, uma vez que tinha terminado a prova nos Jogos Olímpicos de Tóquio na quarta posição, mas a rapidez com que o fez, isso sim, deixou muita gente de olhos arregalados.

O evento decorreu no estado do Louisiana, nos Estados Unidos. Quando a corrida terminou, o atleta não chegou a ver o resultado nos ecrãs do recinto. Foi Mike Holloway, o seu treinador, que lhe disse o tempo: 19,49 segundos. E Knighton respondeu apenas, surpreendido: "Não, não o fiz", contou o "New York Times". A verdade é que nenhum jovem da sua idade tinha conseguido um tempo tão bom, nem mesmo Bolt.

A idade permite-lhe ter ainda várias oportunidades para melhorar o seu tempo e uma delas chega no próximo fim de semana, nos campeonatos nacionais de atletismo dos Estados Unidos, em Eugene. O atleta chega como favorito e a expectativa é que se consiga qualificar para os Mundiais do próximo mês. Em Tóquio, Knighton tornou-se no atleta de pista masculino mais jovem a chegar à final olímpica individual em 125 anos. Se conseguir a qualificação para os Mundiais, ninguém espera menos que medalhas ou até mesmo a vitória.

Quando os Jogos de Paris (2024) começarem, Knighton terá 20 anos. Se durante a primavera Knighton melhorou os seus tempos pessoais para 19,49s (200 metros) e 10,04s (100 metros), Jonathan Terry, também seu treinador, acredita que o atleta pode baixar o seu tempo nos 200 metros para 19,39 já este verão — se correr uma corrida perfeita, pode conseguir os 19,18 segundos, ou até menos, em 2024. O que significaria um recorde mundial e o destronar de Usain Bolt.

E é esse mesmo o objetivo: "Eu penso em bater o recorde mundial", disse o atleta ao jornal norte-americano. Mas ainda que queira conquistar o título que pertence ao lendário corredor jamaicano, Knighton garante que, apesar de se sentir honrado com a comparação, não quer ser o próximo Usain Bolt.

“Não cresci com o nome dele, cresci com o meu nome", disse Knighton, garantindo que o que quer realmente ser é a melhor versão de si mesmo.

Confiante, aplicado, destemido e sem se deixar intimidar pela fama, é assim que os treinadores o descrevem. Mas o que não consegue evitar é toda a expectativa que tem em cima, algo que se pode tornar pesado para qualquer atleta, principalmente num tão jovem. É por isso que a equipa técnica procura retrair um pouco o entusiasmo à volta, enquanto preparam Erriyon para tempos recorde.

“Se queremos ter longevidade no desporto, não lhe podemos bater", disse Holloway, realçando a forma cuidadosa com que foi trabalhado o desenvolvimento de Bolt. "As pessoas esquecem-se que Bolt era realmente bom aos 16 e 17 anos e quando tinha 21, 22 anos era imbatível".

Esta estrutura de apoio e conseguir evitar lesões será peça-chave do seu sucesso no atletismo.

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