Expresso

Colin Kaepernick voltou a treinar com uma equipa da NFL. Mas, para já, não há sinais de acordo com os Las Vegas Raiders

Colin Kaepernick voltou a treinar com uma equipa da NFL. Mas, para já, não há sinais de acordo com os Las Vegas Raiders
Jaime Crawford

Positivo, foi assim que os Las Vegas Raiders descreveram o treino que Colin Kaepernick fez no clube. O jogador está parado desde 2017, quando colocou fim ao contrato com os San Francisco 49ers e depois de meses muito polémicos, dada a sua decisão de se ajoelhar em protesto durante o hino nacional

A determinada altura da sua vida, Colin Kaepernick polarizou os EUA. De um lado, como Donald Trump, então candidato à presidência do país, estava quem via as suas atitudes como algo errado. "Talvez ele deva encontrar um país que funcione melhor para ele”, afirmou Trump. Por outro, aqueles que o viam e continuam a ver como um herói. "Ele é o Muhammad Ali desta geração", afirmou o ativista Harry Edwards.

Por estes dias, há uma forma mais simples e direta de descrever Kaepernick: ele é o quarterback que se ajoelhou durante o hino nacional antes dos jogos da NFL, em 2016, como protesto contra a injustiça social, especialmente a morte de cidadãos afro-americanos às mãos da polícia.

Depois, perdeu o seu lugar na liga de futebol americano.

Ao longo da época de 2016, Kaepernick jogou 12 jogos pelos San Francisco 49ers, que terminaram a temporada com um registo de 2–14, sendo as únicas duas vitórias contra os Arizona Cardinals. Em março de 2017, com o último ano do seu contrato ainda a decorrer, Kaepernick anunciou a decisão de terminar a ligação ao clube e tornar-se um agente livre. A partir daí, nenhuma equipa o contratou.

Mas nem por isso Kaepernick deixou de se manter preparado.

O jogador continuou a treinar e, fosse chamado na altura em que fosse, estaria pronto para regressar ao campo. Aliás, ainda está e, por isso mesmo, os Las Vegas Raiders receberam-no para alguns treinos. A equipa destacou a força e condicionamento do jogador, mas, segundo avançou a “ESPN”, oferecer um contrato a Kaepernick ainda será uma hipótese, neste momento.

Michael Zagaris

Os Raiders consideraram o treino de Kaepernick "positivo", afirmou uma fonte à "ESPN". A equipa de Las Vegas poderia estar à procura de outro passador para servir de apoio a Derek Carr, apesar de ter feito uma troca pelo antigo quarterback dos New England Patriots, Jarrett Stidham, e assinado com Nick Mullens.

Nos treinos das equipas da NFL, os quarterbacks normalmente praticam lançamentos, implementam princípios ofensivos específicos da equipa no campo e reúnem-se com os treinadores. Foi este tipo de treino que Kaepernick fez para mostrar o seu trabalho aos Raiders.

Entre o momento em que deixou os 49ers e este treino com os Raiders, o jogador treinou apenas às ordens dos Seattle Seahawks. Aconteceu em maio de 2017, mas acabou por não dar origem a qualquer contrato.

O momento em que optou por se ajoelhar em protesto durante o hino nacional do seu país ditou o que se seguiu na sua carreira. O impacto que teve na sociedade e no mundo do desporto, esse ninguém lhe tira. Depois de Kaepernick, seguiram-se Lewis Hamilton, Marcus Rashford, Megan Rapinoe, LeBron James, Eric Reid, equipas inteiras das mais variadas modalidades. Todos se ajoelharam em protesto contra o racismo.

"Temia que fossemos esquecer a grande contribuição de Colin Kaepernick, que forneceu um método de luta para os atletas fartos da brutalidade policial e da desigualdade racial. Ele forneceu a chave para alguém como indivíduo iniciar uma conversa na sua comunidade e, como atleta, começar a organizar-se para a mudança”, afirmou Dave Zirin, autor do livro “The Kaepernick Effect: Taking a Knee, Changing the World”, ao “The Guardian” em setembro de 2021.

Tem alguma questão? Envie um email ao jornalista: tribuna@expresso.impresa.pt