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Emma Raducanu, a influência do pai e o carrossel de treinadores. Tenista britânica ainda procura a estabilidade depois da vitória no US Open

A jovem tenista britânica de 19 anos, vencedora do US Open em 2021, é acusada de procurar o impossível: o treinador perfeito. Raducanu continua a ganhar, mais fora do que dentro dos courts, mas num ano já vai no quarto técnico

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TIMOTHY A. CLARY/Getty

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Emma Raducanu tem 19 anos, é a 12ª classificada do ranking WTA, vencedora do US Open em título e, à parte os êxitos desportivos que lhe permitem prever uma carreira entre as grandes, é conhecida pela rotação dos seus treinadores. Num ano, foram quatro os orientadores da jovem britânica.

“Desde que venceu em Nova Iorque, Raducanu tem tido dificuldade em encontrar vitórias e boa forma física”, diz Russell Fuller, especialista em ténis da BBC. “Mas, ao contrário de muitos na sua posição, Raducanu tem rodado frequentemente os treinadores e foi capaz de atrair contratos lucrativos com oito marcas globais”, completa o jornalista.

Como muitas vezes acontece, Raducanu, que se prepara para competir em Roland Garros, tem sido obrigada a lidar com a fama instantânea e tornou-se menos sociável quando participa em torneios. “Construir um relacionamento a longo prazo com um treinador poderia ser uma vantagem, mas esse não é o método Raducanu”, diz Fuller.

“Eu acho que eles querem alguém que possa desafiar o seu IQ de tenista, e há muito poucas pessoas que possam fazê-lo”, disse à BBC fonte próxima da família. “Eles” refere-se provavelmente a Emma e ao seu pai, presença constante e nem sempre bem visto nos meandros do ténis.

Segundo duas fontes que falaram à BBC, Ian Raducanu tem “uma sede constante de informação” e é “obcecado pelos detalhes secundários”. Segundo Russell Fuller, Ian “já foi muito duro com a filha no passado. Há quem fale de chantagem emocional e das lágrimas de Emma e dos períodos de silêncio do pai”.

Naomi Broady, tenista britânica que treinou muitas vezes com Emma Raducanu, considera que o envolvimento dos pais (incluindo o do seu) é uma “grande vantagem”. Naomi diz que, num certo dia mais difícil, enviou uma mensagem a Emma, refletindo sobre a influência de Ian Raducanu: “Lembra-te sempre que qualquer decisão que ele tome será para o teu bem. Ele vai ser a única pessoa cujos motivos não terás de questionar”.

Quanto aos treinadores, Nigel Sears foi despedido depois de a tenista ter passado à quarta ronda de Wimbledon, no ano passado. Andrew Richardson teve contrato até ao fim do Open dos Estados Unidos, espetacular e surpreendentemente conquistado por Raducanu que, ainda assim, decidiu não lhe prolongar o vínculo. Em novembro, chegou Torben Beltz. Ficou para passar o inverno e sentir o início da primavera. No fim de abril, já lá não estava.

Iain Bates, líder da famosa Lawn Tennis Association (LTA), responsável por Wimbledon, viajou com Emma para Madrid e para Roma. No entanto, diz a BBC, muito do trabalho técnico tem sido feito por Louis Cayer, o conselheiro sénior da LTA. Tanto a tenista como o pai aparentam gostar do trabalho de Cayer.