Houve uma altura em que Stefanos Tsitsipas, atual número 4 do ranking ATP, torcia o nariz à vacina. Questionava a celeridade da fabricação e os efeitos secundários do medicamento e também porque haveria de se vacinar sendo tão jovem. Em agosto, o grego deu a entender que só se vacinaria quando se transformasse num requisito para competir. E foi isso que aconteceu, chegámos ao futuro que magicou. Esse é um dos requisitos para disputar um torneio como o Open da Austrália, em Melbourne.
A polémica à volta de Novak Djokovic tem marcado os primeiros dias do Grand Slam. Tem havido de tudo: mistério quanto à vacinação do atleta (que entretanto se dissipou: não está vacinado), isenções médicas, vistos revogados, vistos aprovados, advogados e ações legais, declarações políticas e familiares e ainda promessas de crises diplomáticas. Uma coisa é certa: ainda não se sabe se o sérvio poderá mesmo competir, mas, até à data, tudo indica que sim, havendo até um rival na primeira ronda, o compatriota Miomir Kecmanovic.
Mais do que de ténis e do que conseguem fazer mulheres e homens com uma raquete na mão, tem-se falado sobretudo de Djokovic e de como a opção de não se vacinar, que levou a um desencadear de acontecimentos burocráticos e atentatórios de protocolos sanitários, poderá colocar em xeque a conquista do seu 21º Grand Slam, o que lhe permitiria superar finalmente Rafael Nadal e Roger Federer.

(Daniel Pockett/Getty Images)
Em entrevista ao “WION”, um canal de notícias da Índia, Tsitsipas foi questionado sobre se Djokovic estaria a dar um mau exemplo para os jovens que o seguem. O grego deu a volta à questão: “Certamente, ele está a jogar pelas suas próprias regras e tem feito o que poucos jogadores tiveram a coragem de fazer, especialmente depois de o ATP ter anunciado certos critérios para os tenistas entrarem no país”, começou por opinar.
Em jeito de desabafo, meio aborrecido no quarto de hotel, disse: “Ninguém pensou realmente em vir para a Austrália sem estar vacinado e sem ter de seguir os protocolos… É preciso muito atrevimento para fazê-lo e colocar em risco o Grand Slam, uma coisa que poucos jogadores fariam”.
Tsitsipas, já afastado da posição pública que assumiu em tempos (pouco) idos, explicou que preferiu cumprir as regras, para chegar ao país sem problemas e estar a 100%, focado, “sem pensar em mais nada”. Apesar de fazer essa distinção, agregou uma frase apaziguadora: “Não significa que a minha maneira é certa e a dele errada”.
O tenista grego voltou a falar no cumprimento dos protocolos — qualquer viajante só entra na Austrália se tiver a vacinação completa e um teste PCR negativo. Afinal, era um dos requisitos para ser possível disputar o torneio: “Fomos muito disciplinados”. E, num tom mais áspero, declarou: “Há duas maneiras de olhar para isto: uma delas é que 98% dos jogadores estão vacinados e seguiram os protocolos todos para viajarem para a Austrália; a outra é que parece que nem todos estão a seguir as regras. Uma pequena parte segue a sua vontade e isso faz os restantes, a maioria, passarem por idiotas”.
Na primeira ronda do torneio, Tsitsipas vai defrontar o sueco Mikael Ymer, o 82.º do ranking ATP. O Open da Austrália vai disputar-se entre 17 e 30 de janeiro.