* esta entrevista é a primeira das conversas que a Tribuna Expresso publicará todos os meses com mulheres que trabalhem em futebol, sejam elas treinadoras, jogadoras ou dirigentes.
Como é entrar num gabinete de scouting de um clube profissional em janeiro?
É desafiante, embora o mercado de janeiro não seja aquele mercado em que se possa fazer quase metade de uma equipa, não é? Estamos a falar de duas, três posições. Se forem mais, começo a achar que é mau sinal. Mas também depende das saídas. Portanto, são só ajustes, mas é desafiante obviamente, porque para se estar num clube é preciso conhecer-se toda a envolvência, não é só o departamento de scouting neste caso, mas também a equipa, treinador, como é que se pensa, como é que não se pensa... É diferente estar aqui.
Como é que se organiza um gabinete de scouting? Há muito por mudar no Watford?
Neste caso, viemos de uma estrutura anterior, do Eintracht Frankfurt. O diretor-desportivo [Ben Manga] passou a diretor técnico, é a nomenclatura daqui, eu sou a assistente dele, para além de head of recruitment, que é o chief scout. Os scouts vieram também connosco, não todos, mas alguns, do Eintracht Frankfurt. Portanto, está basicamente a estrutura montada, é só movimentar. E isso facilita, como é óbvio, já nos conhecemos, já temos um enquadramento normal, os processos, já sei como é cada um, como se lidera cada um, como reagem, tudo. A peça está montada, é só mover de um lado para o outro. Isso é ótimo.
Qual é a fórmula para um scouting de qualidade?
Há várias formas de pensar o scouting. Para mim, o mais desafiante é olhar para os jogadores jovens. Foi sempre isso que fizemos em Frankfurt. Promover as suas carreiras, possibilitar-lhes um crescimento ao mesmo tempo que o clube cresce e vendê-los. A perspetiva mais desafiante é esta. Depois, se se está num clube que tem muitos milhões para gastar, que não é o caso [risos], não estamos a falar de uma necessidade de correr riscos. Quando se vai buscar um jogador jovem pode haver esse risco de ele não vingar de imediato, de não conseguir desenvolver-se, há mais questões que estão à volta da adaptação. Um clube com outra capacidade financeira vai buscar jogadores que já estão prontos e que podem chegar e automaticamente jogar, e já se sabe que vão ter rendimento.