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Entrevista a Helena Costa, coordenadora de scouting do Watford que “ainda não se livrou da droga” de ser treinadora

Depois de tempos felizes no Eintracht Frankfurt, os olhos de Helena Costa procuram agora refinar o Watford, um clube que está na luta pela subida à Premier League. A portuguesa, de 44 anos, é a coordenadora do scouting e assistente do diretor técnico, Ben Manga. Em entrevista à Tribuna Expresso, a dirigente que ainda se sente treinadora conta como olha para o scouting e o futebol, revisitando o que fez no futebol feminino e ainda nas passagens por Alemanha, Escócia e França, onde esteve fugazmente após ser escolhida para ser a primeira mulher a treinar uma equipa masculina profissional

Hugo Tavares da Silva

Alexander Roth-Grisard

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* esta entrevista é a primeira das conversas que a Tribuna Expresso publicará todos os meses com mulheres que trabalhem em futebol, sejam elas treinadoras, jogadoras ou dirigentes.

Como é entrar num gabinete de scouting de um clube profissional em janeiro?
É desafiante, embora o mercado de janeiro não seja aquele mercado em que se possa fazer quase metade de uma equipa, não é? Estamos a falar de duas, três posições. Se forem mais, começo a achar que é mau sinal. Mas também depende das saídas. Portanto, são só ajustes, mas é desafiante obviamente, porque para se estar num clube é preciso conhecer-se toda a envolvência, não é só o departamento de scouting neste caso, mas também a equipa, treinador, como é que se pensa, como é que não se pensa... É diferente estar aqui.

Como é que se organiza um gabinete de scouting? Há muito por mudar no Watford?
Neste caso, viemos de uma estrutura anterior, do Eintracht Frankfurt. O diretor-desportivo [Ben Manga] passou a diretor técnico, é a nomenclatura daqui, eu sou a assistente dele, para além de head of recruitment, que é o chief scout. Os scouts vieram também connosco, não todos, mas alguns, do Eintracht Frankfurt. Portanto, está basicamente a estrutura montada, é só movimentar. E isso facilita, como é óbvio, já nos conhecemos, já temos um enquadramento normal, os processos, já sei como é cada um, como se lidera cada um, como reagem, tudo. A peça está montada, é só mover de um lado para o outro. Isso é ótimo.

Qual é a fórmula para um scouting de qualidade?
Há várias formas de pensar o scouting. Para mim, o mais desafiante é olhar para os jogadores jovens. Foi sempre isso que fizemos em Frankfurt. Promover as suas carreiras, possibilitar-lhes um crescimento ao mesmo tempo que o clube cresce e vendê-los. A perspetiva mais desafiante é esta. Depois, se se está num clube que tem muitos milhões para gastar, que não é o caso [risos], não estamos a falar de uma necessidade de correr riscos. Quando se vai buscar um jogador jovem pode haver esse risco de ele não vingar de imediato, de não conseguir desenvolver-se, há mais questões que estão à volta da adaptação. Um clube com outra capacidade financeira vai buscar jogadores que já estão prontos e que podem chegar e automaticamente jogar, e já se sabe que vão ter rendimento.

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