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Tomás da Cunha

Tomás da Cunha

Analista e comentador de futebol

Método Arne Slot (ou como a banheira de Roterdão voltou a entrar em erupção pelo Feyenoord)

Um gigante adormecido dos Países Baixos pode, este domingo e seis anos depois, sagrar-se campeão. Tomás da Cunha escreve sobre a influência do treinador que se valoriza pelo processo - e não só pelos resultados - e devolveu o Feyenoord a patamares de destaque com uma identidade muito vincada

Tomás da Cunha

BSR Agency

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Roterdão é uma cidade louca pelo Feyenoord. Depois de vários anos de superioridade do Ajax, maior rival do clube, o regresso do título ao De Kuip parece inevitável. Não acontecia desde 16/17. A terceira força dos Países Baixos nunca se habituou a ganhar consecutivamente, mas as qualidades de Arne Slot permitem sonhar com o sucesso continuado. É, neste momento, o melhor treinador da liga e um dos mais entusiasmantes no panorama europeu. Agora, há que perceber se o poder financeiro e mediático de outras ligas não vai interromper o trabalho. A saída dos principais jogadores tornou-se inevitável, mesmo com a provável entrada na Champions.

Gio Van Bronckhorst era o comandante. Dirk Kuyt tinha regressado para uma despedida gloriosa. Toornstra, Tonny Vilhena e Berghuis faziam parte de uma equipa em que Nicolai Jorgensen se assumiu como referência goleadora, recordando os velhos tempos do matador dinamarquês Jon Dahl Tomasson. Chegou ao clube neerlandês em 98/99, precisamente na temporada do último título. Passaram 18 anos até que se festejasse novamente na Banheira de Roterdão. Ajax e PSV foram dividindo a Eredivisie, apesar de AZ e Twente se terem intrometido ocasionalmente. O maior feito do Feyenoord neste século foi a conquista da Taça UEFA, em 01/02, jogando em casa. Essa final espetacular, disputada contra o Dortmund, terminou 3-2 - Pierre van Hooijdonk brilhou com dois golos frente ao conjunto de Rosicky, Koller e Amoroso.

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