De vez em quando, surge um jogador que parece ter vindo do futuro. Não de um futuro qualquer, mas do futuro que a nossa imaginação limitada é capaz de conceber. Um exemplo: Lionel Messi era um jogador inconcebível. Até que apareceu. Era tão inverosímil que só podia ser verdadeiro. Mas dele ninguém poderia dizer: “No futuro, todos os jogadores serão assim.” No fundo, Messi é uma bizarria feliz, um grandioso acidente da natureza. Sabemos de ciência certa que os futebolistas do futuro não serão assim porque não pode haver outro Messi.
Já os jogadores que parecem mesmo ter vindo do futuro são como desenhos atabalhoadamente infantis de super-heróis. Fisicamente poderosos, com a dose mínima de criatividade para jogarem a um, dois toques, têm uma qualidade maquinal que assusta e fascina. São indestrutíveis e imparáveis porque a imaginação não se detém em pormenores e subtilezas, concebe-os como um misto de locomotiva e predador e quando finalmente os vê materializarem-se à sua frente desfruta do prazer simultâneo do prodígio e do reconhecimento: “Eis o jogador do futuro!”, exclama a imaginação que o julga ter criado.