Os primeiros 110 quilómetros da 121.ª edição do Paris-Roubaix fizeram-se a uma velocidade estonteante. Nessa fase, o terreno não oferecia grandes dificuldades. O pior, e o verdadeiro motivo para este monumento ser conhecido como Inferno do Norte, estava nos restantes 150 quilómetros, dos quais mais de 50 iam ser percorridos em cima dessas brasas a que chamam pavé.
Por muito que quisessem, as rodas não conseguiam evitar as pedras. Furos atrás de furos, dificultaram a vida aos corredores, como se lidar com a resistência oferecida por aqueles caminhos não fosse suficientemente complicado. O primeiro de 29 setores de pavé questionou de imediato o conceito de pelotão. O figurino na corrida era um salpicado de corredores. Para os favoritos a vencer, tratava-se de um luxo ter colegas de equipa por perto.
O campeão do mundo e candidato à vitória Mathieu van der Poel seguia acompanhado de vários elementos da Alpecin – Deceuninck, um dos quais Jasper Philipsen, vencedor da Milão-Sanremo. O neerlandês, vencedor do Paris-Roubaix em 2023, conseguia afastar-se de problemas e a 90 quilómetros da meta, em Arenberg, uma das zonas mais complexas da corrida. As melhores respostas chegaram por Jasper Philipsen, Mads Pedersen e Mick van Dijke.
Ao contrário do que aconteceu na Volta à Flandres, António Morgado (87.º), da UAE Emirates, o único português em competição, esteve afastado da frente. Ele e tantos outros que viram à distância Mathieu van der Poel voltar a mexer com o estado das coisas a 60 quilómetros. Mads Pedersen, Nils Politt, Stefan Küng, Laurence Pithie e Jasper Philipsen dedicaram-se à perseguição. Foi um esforço inglório.
Mathieu van der Poel chegou ao Velódromo de Roubaix sozinho e conquistou o sexto monumento da carreira, mais um do que Tadej Pogacar, esloveno que vai competir em Liège-Bastogne-Liège e na Volta à Lombardia. Para já, o neerlandês é o corredor no ativo com mais monumentos. Só praticamente três minutos depois chegaram Jasper Philipsen (2.º) e Mads Pedersen (3.º) que fecharam o pódio.
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