Perfil

Benfica

Como o “cansaço físico e emocional” ajudou às derrotas que criaram a “espiral negativista”: retrato da primeira crise do Benfica de Schmidt

Em oito dias, o Benfica, que só somara uma derrota nos primeiros 45 jogos da época, perdeu três vezes, vendo a margem para o FC Porto cair de 10 para quatro pontos e tendo de virar, em Milão, a desvantagem por 2-0 trazida de casa contra o Inter. Entre escassa rotação do plantel, falta de soluções táticas para os novos problemas, quebra de rendimento de alguns jogadores ou “relaxamento” no clube, Tomás da Cunha e Francisco Sousa ajudam a perceber os motivos por detrás dos dias difíceis que se vivem na Luz

Pedro Barata

Octavio Passos/Getty

Partilhar

O dia 7 de abril pode estar recente na memória, mas para o Benfica está distante na comparação entre o momento emocional que se vivia então e o que se respira agora na equipa de Roger Schmidt. Naquela sexta-feira, ao minuto 10 do embate contra o FC Porto, o marcador mostrava uma vantagem, por 1-0, das águias.

À condição, o resultado aumentava para 13 pontos a vantagem no topo da I Liga para um conjunto que disputava o 46.º encontro da temporada, só tendo perdido um dos 45 anteriores. A margem para reconquistar o campeonato parecia confortável, já que depois do clássico só ficavam 24 pontos por disputar. Com a Luz cheia, aguardava-se, também, com algum otimismo, a receção ao Inter, que poderia encaminhar a presença nas meias-finais da principal competição continental pela primeira vez desde 1990.

Poucos dias passados, o estado de ânimo no Benfica é totalmente diferente. Na verdade, dista bastante do que se foi vivendo desde o verão no clube, embalado pelas 13 vitórias de Schmidt nos 13 primeiros jogos como técnico, pela vantagem que cedo foi ganha na I Liga e pela excelente campanha europeia.

Em oito dias, o Benfica perdeu três vezes, número três vezes superior ao registado nos primeiros 45 desafios de 2022/23 e a primeira ocasião em que os lisboetas são derrotados em tantos jogos de seguida desde outubro de 2018; a vantagem no campeonato, que era de 10 pontos, passou, em duas jornadas, para quatro; na Liga dos Campeões, é preciso ir a Milão dar a volta à derrota por 2-0 de Lisboa; são já 260 minutos sem qualquer golo do Benfica — desde o marcado ao FC Porto — e 314 minutos sem um golo de um jogador do Benfica, desde o festejo de Gonçalo Ramos frente ao Rio Ave, já que no clássico a madrugadora vantagem no marcador se deveu a um auto-golo de Diogo Costa.

Artigo Exclusivo para assinantes

No Expresso valorizamos o jornalismo livre e independente

Já é assinante?
Comprou o Expresso? Insira o código presente na Revista E para continuar a ler
  • O ocaso do Benfica é real
    Crónica de Jogo

    Um erro de Otamendi, no último minuto dos descontos, originou a derrota (1-0) do Benfica em Chaves, mas o sacrilégio da terceira derrota seguida da época não mora sozinha no defesa argentino: a equipa de Roger Schmidt atabalhoou-se a cometer erros atrás de erros, jogando sem plano para desmontar um adversário que montou um bloco perto da sua área. Com sete jornadas por disputar, o FC Porto pode reduzir para quatro pontos a liderança dos encarnados no campeonato