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Benfica

Ó pai, porque é que precisas de whisky para ver o Benfica?

Com um plantel feito em cima do joelho com a mesada dos pais ou com uma vaquinha recolhida na escola, Pinto da Costa consegue criar no FC Porto uma cultura de vitória e um grau de empenho europeu que não vejo no Benfica, que escorre dinheiro, investimento, e bazófia

Ainda sou do tempo em que um benfiquista podia abrir ou fazer uma bebida festiva antes do jogo europeu. Quarta-feira era sinónimo de pagode, alegria, relaxe. Abrir um champanhe ou fazer uma caipirinha eram atividades aceitáveis e adequadas ao momento: o Benfica ia viver mais um momento de glória europeia; mesmo quando perdia, deixava cicatrizes no adversário. Os mais novos talvez não se lembrem, mas depois de aparecer nas finais de 88 e 90, o Benfica esteve a uma vitória de aparecer na final de 92, a primeira do modelo Liga dos Campeões.

Depois de despacharmos o Arsenal, campeão inglês, no acesso à fase de grupos, participámos num grupo que também tinha Barcelona e Dínamo de Kiev. Para chegar à final, precisávamos vencer em Camp Nou no último jogo. Perdemos, porque o lateral direito José Carlos, hoje comentador da "SportTV", apanhou pela frente um ciclone búlgaro chamado Stoichkov.

O tempo passou. A decadência instalou-se, tal como o renascimento dos últimos dez anos. Só que falta algo a este renascimento que começou com a primeira equipa do Jesus em 2009/2010: a grandeza europeia demonstrada na Liga dos Campeões. Eu prefiro uma boa campanha na Liga dos Campeões, com grandes vitórias sobre o Barça ou Man United, do que mais um campeonato português.

Quando é que foi a última grande vitória do Benfica sobre um grande europeu? Se um benfiquista no passado podia abrir o champanhe antes do jogo europeu, porque sabia que ia ter o sabor da glória no palato, agora o benfiquista sabe que deve abrir uma bebida mais depressiva, talvez whisky, porque sabe que a equipa não consegue dar o salto mental da mediania para a grandeza europeia. Mesmo quando domina um jogo na Champions, como ontem, a equipa não está segura de si. Mesmo quando tem grandes plantéis, como é o caso desta época, a equipa não atravessa os campos da Champions com aquele porte aristocrático, aquela atitude à Duque de Norfolk que vence jogos por si só.

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