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A casa às costas

“Na Roma, o Luis Enrique não me conheceu, nem sequer me apertou a mão, nunca me disse um olá e proibia-me de interagir com os colegas”

“Na Roma, o Luis Enrique não me conheceu, nem sequer me apertou a mão, nunca me disse um olá e proibia-me de interagir com os colegas”
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Vitorino Antunes começou por ir à baliza, onde ainda gosta de jogar nas brincadeiras com os amigos, mas foi como defesa esquerdo que se afirmou no Freamunde e no Paços de Ferreira. Aos 20 anos, no espaço de três meses representou três seleções, a de sub-20, sub-21 e a seleção principal, o que chamou a atenção da Roma, que o contratou, apesar de ter assinado um pré-acordo com a Juventus. Em Roma não foi feliz, acabou emprestado a vários clubes, entre eles o Leixões e o Panionios da Grécia, antes de regressar ao Paços, onde renasceu e iniciou uma nova etapa de sucesso, sobre a qual falaremos na segunda parte deste Casa às Costas

Nasceu em Freamunde. Que profissão tinham os seus pais quando nasceu?
A minha mãe era costureira, trabalhava numa confeção, e o meu pai era marceneiro.

Tem irmãos?
Não, sou filho único e cresci em casa da minha avó materna, os meus pais moravam na casa dela.

Era reguila?
Nem por isso. Tinha o hábito de andar sempre fora de casa, havia poucos carros, por isso brincava mais na rua. Uma vez, a jogar à cabra-cega, dei uma cabeçada numa coluna e estive um dia sem poder dormir porque os médicos diziam que se eu adormecesse, podia não acordar mais. A pancada foi muito forte. Andava sempre a subir e a brincar nas obras das construções civis. Saltávamos dos andares cá para baixo, para a areia. Por acaso nunca tive nenhum problema físico, mas podia ter acontecido. Por vezes também ia com os amigos pedir fruta emprestada [risos] .

O que dizia querer ser quando crescesse?
Sempre foi jogador de futebol.

Tinha alguém na família ligado ao futebol?
Tive um primo que foi guarda-redes na formação do FC Porto, como sénior chegou a jogar no Salgueiros, mas tirando ele, mais ninguém.

Lá em casa torciam porque clube?
Quase toda a gente era portista, mas o meu pai é benfiquista. Foi do Sporting durante um ano, mas voltou a ser benfiquista [risos]. Eu nasci benfiquista, mas agora sou mais sportinguista do que do Benfica.

Quem eram os seus ídolos?
O meu grande ídolo era o Roberto Carlos. Sempre que podia, seguia os jogos do Real Madrid e da seleção brasileira, porque gostava mesmo muito dele. No futebol português foi sempre o Rui Costa.

Gostava da escola?
Nem por isso, baldava-me muito às aulas. Reprovei um ano por faltas, tudo para ir jogar à bola.

Como e quando foi jogar pela primeira vez para um clube?
Eu cresci ao lado do velho campo do Freamunde, ficava a 100 ou 200 metros de casa da minha avó. Com cinco anos ainda não podia sequer jogar futebol, ser inscrito, mas comecei a jogar no Freamunde como guarda-redes. Tinha essa paixão pela baliza, que continuo a ter. Quando fazemos umas brincadeiras entre amigos vou para a baliza, não só para ter menos possibilidade de me lesionar, mas também porque gosto muito dessa posição. Não tenho é altura para isso [risos].

Deixou de ser guarda-redes devido à altura?
Não. Naquela altura não podia ser inscrito, mas havia fichas de jogo e ao fim de semana o árbitro fazia a chamada dos jogadores. Tínhamos de dizer o nosso nome e como eu não estava inscrito tinha de memorizar o nome de outro miúdo para poder fazer a chamada e para o banco. Um dia, o lateral esquerdo não pode ir ao jogo e o treinador, que já me chateava para ir para a frente, porque via que tinha mais futuro do que à baliza, decidiu pôr-me como lateral esquerdo, com apenas cinco anos. O jogo não correu mal para quem jogava à frente pela primeira vez e a partir daí nunca mais me deixou ir para a baliza [risos]. Para grande sorte minha. Ameaçou-me que se fosse para a baliza, nunca mais jogava.

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