Há um ano, o encontro entre Andy Murray e Thanasi Kokkinakis no Open da Austrália acabou às 4 horas da madrugada. Os tenistas queixaram-se, o britânico chamou à situação “uma farsa”, na conferência de imprensa que se seguiu ao jogo.
“Se um filho meu fosse apanha-bolas num torneio e chegasse a casa às 5 da manhã, como pai eu passava-me”, disse ainda. Depois do jogo e dos compromissos com o torneio e a imprensa, sabe-se lá a que horas Murray e Kokkinakis conseguiram deitar a cabeça na almofada.
Este encontro, que pelas vicissitudes da sempre complicada arrumação de jogos pelos courts num major só arrancou já passavam das 22h20 em Melbourne, nem sequer foi o duelo que terminou em horário mais tardio no Grand Slam australiano: em 2008, Lleyton Hewitt e Marcos Baghdatis só deram o habitual cumprimento à rede às 4h34 da madrugada.
Em fevereiro de 2022, no ATP 500 de Acapulco, no México, Alexander Zverev e Jenson Brooksby estiveram em campo até às 4h55 da madrugada, naquele que é o encontro da história que terminou mais tarde. Os dois tenistas estiveram três horas e 19 minutos em campo, num duelo que começou bem para lá da uma da manhã.
Estes encontros, que tantas queixas têm recebido dos jogadores, poderão ter os dias contados, para desagrado dos organizadores dos torneios, que querem os melhores ou os que vendem mais bilhetes em plena sessão noturna e em horário nobre nas TVs.
O ATP e a WTA, associações que representam os tenistas profissionais, anunciaram esta quarta-feira uma nova normativa sobre o agendamento de encontros noturnos, de modo a evitar que estes acabem de madrugada.
O número de encontros que terminam de madrugada aumentou exponencialmente nas últimas temporadas, uma vez que cada vez mais torneios apostam em sessões noturnas para potenciar receitas, o que afeta negativamente o descanso dos jogadores.
Para minimizar esta nova realidade, a partir deste mês, o ATP e a WTA vão implementar novas regras relacionados com a programação de partidas, impedindo, nomeadamente, mais de cinco encontros por dia em cada ‘court’ (com início às 11h00), com três deles a realizarem-se na sessão diurna e dois na sessão noturna.
Também não haverá encontros a partir das 23h00, salvo aprovação do supervisor do torneio, em consulta com as duas associações, e aqueles que não estiverem no ‘court’ previsto antes das 22h30 serão mudados para outro campo.
Outra das novas normativas é a estipulação de que as sessões noturnas não podem começar depois das 19h30, sendo que a recomendação de ATP e WTA é que sejam agendadas preferencialmente a partir das 18h30.
Em circunstâncias excecionais, um torneio poderá solicitar exceções baseadas nas tradições culturais locais, condições meteorológicas ou outras situações atenuantes, que serão consideradas pelas organizações dos tenistas.
As novas regras, resultantes da consulta com jogadores, vão ser testadas durante esta temporada, sendo o seu impacto avaliado posteriormente.
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