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Swiatek abanou os braços junto à rede e pode ter distraído a adversária. Já pediu desculpa, mas foi intencional?

O gesto da número um do mundo está a ser questionado pela sua legalidade. Swiatek veio entretanto pedir desculpa à adversária, ficando no ar se se tratou de tática pura ou apenas de um improvável momento de distração. A polaca diz que o fez de forma inadvertida

Carlos Luís Ramalhão

Sean M. Haffey/Getty

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A tenista número um do ranking WTA, Iga Swiatek, teve um gesto na final do Open de San Diego que está a gerar polémica. A determinada altura, com a bola do lado da adversária, Donna Vekic, a polaca abanou as duas mãos por cima da cabeça, de frente para a rede, alegadamente para distrair Vekic. Têm surgido críticas nas redes sociais quanto à legalidade da atitude. Até porque Iga já o tinha feito antes.

Mesmo com o pedido de desculpa feito a Donna Vekic, a tenista polaca está a ser criticada. Muitos defendem que o gesto foi propositado e é ilegítimo. Swiatek acabaria por vencer a partida. Se tiver sido de propósito, pode considerar-se que a atitude de Iga surtiu efeito. Mas não teve consequências disciplinares.

Muitos “juízes” das redes sociais, habitualmente incapazes de perdoar, deixaram bem claro que esta não foi a primeira vez que Iga Swiatek usou o gesto como tática. A “Eurosport” refere duas outras ocasiões no US Open deste ano em que Swiatek utilizou as mãos da mesma forma.

A lenda do ténis, John McEnroe, comentou a situação aos microfones do canal desportivo: “Não me parece que seja legal. É um pouco abaixo do aceitável. A última vez que vi isso foi quando jogava, em 1986, creio, e o Bahrami serviu e depois mostrou as mãos abertas e disse ‘acerta em mim’. (…) Swiatek (…) vai aprender. Tem 21 anos”.

Outra situação semelhante a envolver a mesma tenista aconteceu no torneio de Eastborne. Foi no verão de 2021, frente a Heather Watson. Já dessa vez, quando a bola estava na posse da adversária, Iga abriu os braços, simulou um movimento e deu a ideia de bater com a raquete no chão antes de se mover.

A grande dúvida acerca das atitudes da polaca tem a ver com o facto de estas poderem ser consideradas “obstáculos” ao jogo. O fenómeno não é novo, aconteceu com Maria Kirilenko ou Serena Williams, no passado, mas ambas foram chamadas à atenção e penalizadas pelos juízes de cadeira. Também no ATP Tour, Tommy Haas agitou os braços perante Roger Federer, e essa atitude não foi sinalizada.

A “Eurosport” cita o regulamento da ITF, a entidade que gere a Taça Davis, sobre o fenómeno: “Um obstáculo pode resultar de uma chamada corrigida por um árbitro ou um evento no court que pode ser considerado involuntário ou deliberado. Qualquer obstáculo provocado por um jogador que seja tido como propositado resultará na perda de um ponto”.

“Um jogador pode simular com o corpo enquanto a bola está em jogo”, diz a Associação Norte-americana de Ténis. “Um jogador pode mudar de posição a qualquer altura, inclusive quando o adversário está a servir. Qualquer outro movimento ou som que seja emitido apenas para distrair o oponente, incluindo – mas não limitado a – agitar os braços ou a raquete, ou bater com os pés no chão, não é permitido”. O ténis mundial segue as leis da ITF.

Segundo o site “Sportskeeda”, um “obstáculo” involuntário, quando exercido pelo jogador no caso de o boné cair ao chão ou uma bola saltar do bolso, será tolerado, mas não se for repetido. O barulho vindo das bancadas não pode ser considerado “obstáculo” neste sentido da palavra, uma vez que não haveria castigo lógico para os jogadores nessa situação.

Nas redes sociais, depois do jogo, Swiatek escreveu: “Parabéns, Donna Vekic, pela tua atuação fantástica! E desculpa por ter abanado as minhas mãos junto à rede”. A atitude foi elogiada pela antiga tenista Pam Shriver: “Pedir desculpa pelos erros é prova de maturidade”.

Foi, para a líder do ranking mundial de ténis, o 11.º título WTA da carreira. Na madrugada desta quinta-feira, Iga Swiatek venceu então Donna Vekic por 2-1, conquistando o torneio de San Diego, na Califórnia. Aos 21 anos, Swiatek já venceu três Grand Slams, dois deles Roland Garros e o US Open. “Foi um jogo mesmo renhido e longo”, confessou a polaca, citada pela “BBC”.