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Frederico Morais voltou ao circuito mundial de surf, é um dos ‘velhotes’ e deu uma palmada nas próprias costas, porque recuperou a paixão

Frederico Morais voltou ao circuito mundial de surf, é um dos ‘velhotes’ e deu uma palmada nas próprias costas, porque recuperou a paixão
Thiago Diz/WSL
Aos 32 anos, ‘Kikas’ qualificou-se pela terceira vez para o Championship Tour, o mundial de surf ao qual regressou como o quarto atleta mais velho. Ele nem sabia. O que sabe, explicou à Tribuna Expresso, é que já equilibra melhor “a vida pessoal e profissional” e redescobriu a vontade para se “auto-motivar” nos momentos desta vida onde “se perde muito mais do que se ganha”. O circuito arranca esta segunda-feira, no Havai

Não se sente velho, nem a questão se esgota apenas na idade. O fastio causado só de o ouvir a enumerar, sem ajudas, parte da agenda que tem programada para os próximos meses é a prova de algodão para a sinceridade da sua alegria: chegara ao Havai dias antes, dali o rumo será Porto Rico, depois Peniche e rapidamente para a Austrália. “Percebo o cansaço”, garante Frederico Morais. Sabe de cabeça os dias em que descola e aterra cada uma destas viagens que lhe vão guiar a vida na primeira metade do Championship Tour (CT), o circuito mundial de surf. Poderia tê-los na memória por obrigação profissional, mas não é bem isso.

A forma como fala sugere a alegria estimulada por um regresso. Há dois anos, caiu do CT a meio do ano, descartado pela novidade do corte a meio do calendário que tira os 12 surfistas com pior classificação do tour. Já antes era crítico da medida, não gosta de a carreira um surfista seja determinada pelas primeiras cinco etapas da época. Quando foi apanhado nessa curva, à beira dos trinta, ‘Kikas’ esbarrou na dúvida, um homem de várias batalhadas travadas e a vida a erguer-lhe outra. “Será que ainda tenho vontade? Será que ainda tenho essa paixão para me requalificar? Faz sentido?”, admite ter pensado. Em 2022, não estava com vontade.

A confissão é feita à distância, a olhar para uma câmara. Apenas se vê mato havaiano atrás dele, da mesma cor vibrante da t-shirt que veste. A pela bronzeada e o loiro cabelo para trás perfazem o retrato embrulhado por um sorriso. Por videochamada, Frederico Morais resume como “conseguiu dar a volta” e redescobriu o rasto “da paixão” para ir pescar a requalificação para o circuito mundial, pela segunda vez. No Brasil, onde a garantiu, agradeceu primeiro a si próprio quando saiu do mar, louvor ao espelho que sentia que merecia.

Aos 32 anos e na pressa de uma conversa espreguiçada pouco para lá dos 10 minutos, porque o tempo urgia na compartimentação de entrevistas arranjadas pela World Surf League, o português, depois da gargalhada inicial por saber que é o quarto surfista mais velho no tour - só atrás de Miguel Pupo (32), Jordy Smith (35) e Kelly Slater (51) -, resume que enfrentará esta sua quinta temporada na companhia da nata das ondas com outro equilíbrio na vida.

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