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Mais uma onda para Frederico Morais, qualificado pela 3.ª vez para o circuito mundial de surf: “Agradeço a mim próprio por ter acreditado”

Mais uma onda para Frederico Morais, qualificado pela 3.ª vez para o circuito mundial de surf: “Agradeço a mim próprio por ter acreditado”
Kody McGregor

Pela segunda vez na carreira, ‘Kikas’ conseguiu requalificar-se para o Championship Tour após ser eliminado do circuito. O português, de 31 anos, garantiu o regresso à elite do surf ao chegar aos oitavos de final em Saquerema, no Brasil, onde decorre a última etapa do circuito mundial de qualificação

Para quem tocou com a prancha na repetição de uma celebração e com ela escancarou, de novo, o portão de entrada no pináculo do surf, o desconhecimento espanta. “Honestamente, não fazia ideia que se passasse esta bateria estava qualificado”, confessou Frederico Morais, já com os pés na areia e o boné na cabeça, ciente de que a ‘ignorância’ pode ser uma bênção em certos momentos. “Não fazia mesmo ideia e acho que até foi melhor.” Quando saiu do mar em Saquarema, perto do Rio de Janeiro, ‘Kikas’ vinha molhado da certeza de regressar aonde nunca quis sair.

Aos 31 anos e pela terceira vez na carreira, o português vai competir no circuito mundial de surf. “Estou super contente, foi preciso muito esforço e muita crença”, exultou o nascido em Cascais, acabado de lograr o que é tão árduo: só há espaço para 34 homens no Championship Tour (CT) e anualmente cai de lá uma dezena deles. Escolhendo fazer-se à vida de tentar um regresso, essa vida pode ser extenuante. “Quando fui eliminado o ano passado, sem dúvida que passei por um mau bocado só para ter vontade outra vez de trabalhar e acreditar, mas tenho uma grande equipa, uma grande mulher e uma grande família que me deram força para continuar, os meus amigos também. Estou aqui para ficar”, garantiu ‘Kikas’, já sabedor de outra experiência.

O tricampeão nacional e tão-só o segundo português a surfar no CT - o desbravador dessas águas foi Tiago Pires, entre 2008 e 2014 - regressa, um ano depois, à elite que tanto desejava. “Foi super especial. Dei um abraço ao Richard [Marsh], com quem trabalho há 15 anos, ele basicamente é como um segundo pai para mim e também é um momento especial para mim, para os meus amigos, os meus familiares e para Portugal, porque vibram muito com isto e apoiam-me nos melhores e piores momentos”, explicou o surfista que em 2021, aquando da primeiro retorno ao mundial, venceu o circuito de qualificação. Nesta repetição, falou no plural: “Conseguimos, voltámos ao tour, era o meu objetivo.”

Nas cinco provas do Challenger Series deste ano, Frederico Morais tem um 2.º lugar em Ballito, na África do Sul, e um 5.º, em Sydney, como os melhores resultados, aos quais soma uma 9.ª posição na Ericeira e um par de eliminações precoces (33.º e 25.º lugares) nos restantes eventos.

Seja qual for o resultado em Saquarema, onde aterrou na terceira posição do ranking, o português tem assegurada a sua quinta temporada no CT onde sabe o que estará à sua espera. “É continuar a trabalhar no duro e mais do que os outros, a querer mais e a acreditar sempre.” As desavenças com as ondas reservadas aos melhores de entre os excelsos atiraram-no para o fundo do mar por duas vezes e Frederico Morais congratulou-se, primeiro a si próprio, por vir à tona uma vez mais.

Quando lhe perguntaram a quem gostaria de agradecer por este regresso, ele olhou-se ao espelho. “Vou agradecer a mim próprio por acreditar em mim, porque se acreditares em ti mesmo, tudo é possível”, disse, sem hesitações. Depois, voltou ao plural, porque se ‘Kikas’ tanto aprecia a tarefa que o espera, há muita gente que gostará de o ver a desfrutá-la - “Estamos cá para mais vitórias, mais derrotas e viver esta vida de surfista que eu adoro.”

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