Foi ingrato, inglório, infeliz. Em novembro, o Challenger Series navegou rumo à terra prometida surfística que é o Havai para lá realizar a última das etapas do principal circuito de qualificação, em Haleiwa, onde Teresa Bonvalot se aprimorou para ir ultrapassando uma adversária atrás da outra até à final. Nos derradeiros 35 minutos de uma época, o resumo das contas era fácil: não ganhando a prova, só não poderia deixar que Sophie McCulloch a vencesse e, caso fosse o caso, a portuguesa teria de ficar no 3.º lugar final para acabar com pontos suficientes que lhe valessem a entrada no Championship Tour em 2023.
A surfista terminou onde não podia, incapaz de sacar os 3.90 pontos que necessitava de uma onda e não desatou o nó de aparecer com o mesmo acumulado da dita australiana no ranking final de qualificação, mas de fora das cinco melhores surfistas. Aos 23 anos, ainda não foi desta que Teresa Bonvalot se qualificou para o tour onde nunca escondeu querer entrar. A façanha de ter ficado tão à porta, contudo, fê-la ser a principal a substituta de lesão para toda a época seguinte, ou outra expressão em inglês das muitas banalizadas no surf de competição: “season-long injury replacement”.
Esse estatuto valeu-lhe, esta quarta-feira, receber a notícia de que irá retornar ao Havai já este mês. Face à lesão da francesa Johanne Defay, a portuguesa foi chamada a substituí-la no Billabong Pro Pipeline, a etapa inaugural dos circuitos mundiais feminino e masculino.
Será a primeira vez que Teresa Bonvalot competirá na desafiadora onda, tubular e cavernosa se a natureza a colocar nos seus dias, a rebentar sobre um fundo de pedra e coral. A portuguesa será uma das 18 mulheres em prova e logo na sua primeira bateria em prova defrontará Carisa Moore, a havaiana que é cinco vezes campeã mundial (último título em 2021), além da também local Bettylou Sakura Johnson. Também será a estreia da portuguesa a surfar em provas do Championship Tour além-fronteiras: fê-lo em cinco ocasiões entre 2013 e 2017, sempre em Cascais, com um total de 10 heats surfados.
O Billabong Pro Pipeline arranca a 29 de janeiro e o período de espera da prova dura até 10 de fevereiro.