Yolanda Sequeira atravessou o charco atlântico, só parou nas praias de El Salvador banhadas pelo Pacífico e por lá engatilhou uma cadeia de inspiração: celebrou o 23.º aniversário, ganhou um heat a Stephanie Gilmore, a sete vezes campeã mundial, contou uns dias até garantir a qualificação para os Jogos Olímpicos, com a bagagem já a abarrotar, ainda espremeria outro feito.
A algarvia de pai português e mãe galesa acabaria na final dos ISA (Internacional Surfing Association) Games, a espécie de Mundial da vida bípede em cima da prancha que era o derradeiro evento que apurava gente para os Jogos Olímpicos de Tóquio. Yolanda acabou em 2.º, só atrás de Sally Fittzgibbons, australiana ganhadora desta prova por mais que uma vez e atual segunda classificada do circuito mundial feminino da World Surf League (WSL).
Aos 23 anos pintados de fresco, a portuguesa brilhou e arrastou consigo o brilhou de outra.
Teresa Bonvalot também surfou até à última bateria da prova sem ter a qualificação olímpica garantida, mas o 3.º lugar que arrancou das ondas a quebrarem contra a América Central fez de Portugal a segunda melhor seleção no quadro feminino. E mais vagas se abriram para as mulheres do país que logrou colocar uma a dar voltas ao mundo no circuito as faz parar nas melhores ondas e desbrava as águas de gente para que possam surfá-las.
A já tricampeã nacional, aos 21 anos, juntou-se à agora vice-campeã mundial para ocuparem as duas vagas que Portugal poderia ocupar. Yolanda Sequeira e Teresa Bonvalot irão com Frederico Morais ao Japão para dizerem, escreverem e cravarem na história que estavam lá quando o surf se concretizou como modalidade olímpica pela primeira vez.