O futebol de Pedro Porro, na primeira temporada em Alvalade, ficou tão famoso como uma badalada tirada que misturava em simultâneo uma recomendação com um desafio: “Queres ser um pouquinho de campeão, queres? Olha que é bom, olha que é bom”. Vitorino Antunes estava ao lado durante aquele vídeo em direto no Instagram e riam, estavam felizes. Pela expressão que morava no rosto de ambos, o que se estava a desenrolar era realmente bom. Acabavam de devolver ao Sporting, 19 anos depois, o trono do futebol português. O jovem futebolista, que provocou falatório na apresentação por causa de uns veraneantes calções descarnados de tecido, rapidamente se transformou num dos preferidos dos adeptos.
A forma como opera num campo de futebol é avassaladora. Os olhos deitam um fumo que não se vê. Parece uma pedra, não no coração, mas na forma como avança para os duelos, assim como pelo jeito de ir para a frente e, no fundo, como obedece ao inconformismo. Na última jornada da Liga, o ala espanhol foi o escolhido para bater um penálti já depois do minuto 90, quando o Sporting ia empatando, em casa, com o Vizela. Para quem é arquiteto de tanto vaivém e esticão pela direita, presumindo-se menos oxigénio e mais fadiga a circular pelo corpo, isso sugere que estamos perante alguém corajoso que tem a situação sob controlo e até um pé que não treme. Em conversas informais com pessoas que orbitaram perto do grupo, menciona-se que é “um líder” e que tem uma “estrutura como pessoa e caráter extraordinários”. O futebolista, nascido na província de Badajoz há 23 anos, era até agora um dos laterais mais apetecíveis do futebol planetário e o Tottenham agarrou-o pelos 45 milhões de euros estipulados na cláusula de rescisão.