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Ronaldo estreou-se no Al Nassr com braçadeira de capitão, três remates e zero golos

Rematou três vezes, uma delas de livre, foi capitão logo ao primeiro jogo e muitos passes o procuraram, mas não marcou. Cristiano Ronaldo estreou-se oficialmente pelo Al Nassr com um golo de Anderson Talisca a dar a vitória e a liderança da liga saudita

Diogo Pombo

Yasser Bakhsh/Getty

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“Os portugueses, fãs de futebol, e os fãs de Cristiano Ronaldo, pediram… e nós ouvimos.” A frase é de Nuno Ferreira Pires, diretor-executivo da Sport TV, enviada há dias no comunicado com que o canal revelou a compra dos direitos televisivos da liga saudita em Portugal. A pompa da frase lida equivalente à inflação do acontecimento em matéria de relevância futebolística além-Ronaldo, porque o jogo entre o Al Nassr e o Al-Ettifaq é de uma realidade distante às que fizeram a carreira do português e dos olhos de adepto de qualquer comum apreciador de bola com residência na Europa.

O estádio à pinha, com os 25 mil lugares do Mrsool Park lotados ou perto disso, a explosão dos números de camisolas vendidas e o feito, dito várias vezes pela narração da partida, de esta ser a primeira vez que os direitos de transmissão foram vendidos para o estrangeiro, seriam apontamentos expectáveis de surgirem a reboque da ida de um futebolista com cinco Bolas de Ouro, cinco Ligas dos Campeões, meio milhar de milhão de seguidores no Instagram e o restante recheio do ‘vocês percebem a ideia’. A estreia oficial no Al Nassr de Cristiano Ronaldo, um jogador de estatuto estratosférico pela carreira que tem, motivaria sempre repercussões desde tipo.

Com as redondezas do olho esquerdo negras, ainda machucadas por um choque na pré-estreia, na quinta-feira, por uma equipa mista frente ao Paris Saint-Germain, o português vestiu-se com a habitual manga comprida e uma braçadeira, Ronaldo chegou e foi logo capitão no Al Nassr, a fazer de ponta de lança com o conhecido Anderson Talisca nas suas costas. Entre o brasileiro que trocou Portugal pela Turquia, China e agora Arábia Saudita e Cristiano cabe quase uma década de diferença e algo parecido a rápidas combinações de passes apenas se viu entre eles.

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Anadolu Agency

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Khalid Alhaj/MB Media

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FAYEZ NURELDINE/Getty

Porque o resto, por enquanto, é de uma pobreza futebolística se posto ao lado do que se vê nos 10 melhores campeonatos europeus: jogadas não com mais de quatro ou cinco passes, receções de bola falhadas, a arte de executar o que se pensa a ser falível, muitas faltas, muita teatralidade nos jogadores quando sofrem essas faltas e um jogo pouco fluído. Outras estrelas cadentes terão de vir para o melhorar. Aos 31’, um cruzamento de Abdulmajeed Al-Sulayhem pairou sobre o alto da cabeça de Ronaldo, cujo salto não lhe chegou e a deixou seguir para a de Talisca, que marcou. Pouco depois, Cristiano faria a sua coreografia habitual num livre direto que causou burburinho no estádio.

Ronaldo ainda remataria duas vezes na segunda parte, não tanto quanto Talisca e o seu pé esquerdo de olhar fixado na baliza, sejam passes, remates ou corridas o brasileiro não desvia a mira. Ganhou o Al Nassr (1-0), é agora líder da Saudi Pro League o Al Nassr, é neste contexto do Al Nassr que o português mais internacional de sempre vai a auferir uns badalados €200 milhões por ano. No contexto ao qual respondeu “exato” quando o amigo Piers Morgan o descreveu como anti-tudo o que Ronaldo pretendia a semanas de ir jogar o Mundial ao Catar: “Se fosse só pelo dinheiro, estarias a jogar na Arábia Saudita a receber um salário de rei. Mas não é isso que te motiva, tu queres continuar no topo”.

Estrear-se, capitanear, jogar 90 minutos e vencer foi o dia 1 de Cristiano Ronaldo no Al Nassr que pouco o serviu com qualidade para surgir o pedaço mais festivo do futebol, no qual a idade não lhe retira especialidade. “Ronaldo! Ronaldo! Ronaldo!”, ouviu-se, em uníssono, a sair das gargantas que assistiam na bancada enquanto o português era cumprimentado por todos os presentes em campo. Vários adversários lhe pediram a camisola, Ronaldo pedirá daqui em diante mais futebol.