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Râguebi

A federação da Nova Zelândia esqueceu-se que a seleção feminina está nos ‘quartos’ do Mundial e marcou um jogo dos All Blacks à mesma hora

Até uma ministra do governo do país já juntou a sua voz às críticas feitas à decisão da New Zeland Rugby em marcar um jogo dos All Blacks para 40 minutos antes de as Black Ferns – congénere feminina – darem início à participação no quartos de final do Campeonato do Mundo, no sábado

Expresso

Hannah Peters - World Rugby

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A Federação Neozelandesa de Râguebi foi obrigada a admitir que se esqueceu do Mundial feminino, que começou a 8 de outubro e cuja final está agendada para 12 de novembro. No sábado, as Black Ferns entrarão em campo para defrontar, em casa, o País de Gales nos quartos de final do torneio, apenas 40 minutos após a congénere masculina ter começado um encontro particular no Japão.

O próprio governo, através da ministra da Justiça, Kiri Allan, criticou a federação pelo erro e sugeriu que os seus responsáveis tomassem nota de algumas dicas sobre como receber uma prova importante, aproveitando o sorteio da FIFA para o Mundial Feminino de 2023, que decorreu em Auckland, no último fim de semana.

O jornal britânico “Telegraph” lembra que o organismo máximo do râguebi kiwi sabia desde maio do ano passado que a sua seleção feminina, uma das favoritas à vitória final, jogaria no próximo sábado às 19h30 locais.

A New Zealand Rugby (NZR) insiste que a atitude não foi intencional, embora não tenha chegado a pedir desculpa pelo indesculpável. “Infelizmente, quando a Japan Rugby decidiu o horário do jogo-teste dos All Blacks, a NZR não teve em consideração o estipulado pelo Campeonato do Mundo de Râguebi”. O “estipulado” seria que a nação anfitriã jogaria naquele horário, independentemente do sorteio.

A entidade admite que tentou falar com a Federação Japonesa de Râguebi para que o pontapé de saída do test-match fosse alterado, mas o pedido terá sido negado. “Sabemos que o choque entre o horário dos jogos não é ideal, mas os adeptos conseguirão, ainda assim, assistir [às partidas] e apoiar as Black Ferns e os All Blacks”, pode ler-se no comunicado, que encoraja os neozelandeses a “manter o apoio às Black Ferns, na continuação de um percurso que tem constituído um excelente torneio até à data”.

O lapso enfureceu os neozelandeses, habitantes de um país onde o râguebi é sagrado. Nas redes sociais, os adeptos não deixaram de se fazerem ouvir. Frases como “a NZR esquecer-se de que a própria equipa poderia jogar os quartos de final é fraco”, “as mulheres merecem melhor” ou “completamente embaraçoso” foram partilhadas nos diversos meios de expressão do público.

Sarah Hirini, internacional neozelandesa, e Kendra Cocksedge, a jogadora com mais presenças na seleção e que planeia retirar-se após o torneio, mostraram-se muito críticas em relação ao lapso. Hirini ironizou, sugerindo que o público assistisse ao jogo dos All Blacks em diferido.