I. As eleições para a FPF só deverão acontecer no próximo ano, mas já se vão perfilando vários (possíveis) candidatos à presidência. O último nome avançado pela imprensa foi o de José Couceiro, homem do futebol que há muito provou todo o seu valor e integridade.
O certo é que quem conseguir a maioria dos votos dos delegados (42+1) sucederá a Fernando Gomes.
Não deve haver dúvidas para ninguém que a atual equipa diretiva foi, de longe, a mais competente que alguma vez já ocupou aquela posição. Essa é claramente a minha opinião.
O futebol português é hoje incomparável, quer em termos de obra feita (incluindo a construção da Cidade do Futebol), quer em termos qualitativos, com desempenhos de sucesso das várias seleções nacionais ou evolução galopante do futebol feminino e futsal.
Herdar uma casa com problemas estruturais é um desafio tremendo para qualquer profissional, mas agarrar um projeto em que quase tudo está (e foi) bem feito não será tarefa mais fácil.
Que quem quiser assumir esse cargo saiba ter a elegância e grandeza moral de fazer uma campanha limpa, focada nos seus objetivos programáticos e sem se perder em minudências políticas, quase sempre mais viradas para as fragilidades do adversário do que propriamente na apresentação de argumentos eleitorais válidos. Porque, no final do dia, o que importa mesmo é perceber como vai estar o futebol português daqui a 12 anos.
Como dizia um conhecido atleta olímpico: “A única vez que perco uma corrida é quando olho para o lado em vez de focar na meta.”
II. A entrada de uma nova era no organismo que gere o futebol implicará mudanças a outros níveis, nomeadamente na gestão da arbitragem. A maioria dos elementos que compõem o Conselho Nacional de Arbitragem (CA) não poderá prolongar o mandato (não é o caso do seu atual presidente). O que se pretende é que quem vier a seguir tenha um conjunto de valências importantes para gerir uma área sensível, com enorme ‘carga política’.
O líder do futuro CA não deve ser um técnico puro, mas alguém com experiência no dirigismo, mundo na arbitragem e reconhecimento (leia-se credibilidade) dos seus pares e restantes agentes desportivos. E como nenhum homem é uma ilha, que tenha o bom senso e lucidez de se rodear de pessoas qualificadas e íntegras, que possam dar à classe as condições necessárias para a sua evolução. Muito já foi feito, mas há ainda um mar de coisas por fazer.
III. Esta semana fui a três funerais. Três. Confesso que é algo que nunca me tinha acontecido e cuja experiência espero não repetir. No meio dessa triste coincidência, tive a felicidade de não me despedir de pessoas de família. Infelizmente, vi amigos de quem gosto perderem os seus em circunstâncias demasiado injustas.
A natureza já nos ensinou que parte importante do seu equilíbrio passa por isto, por partidas e chegadas, mas isso não nos impede de sentirmos empatia ou de tomarmos como nossas as dores e angústias dos nossos.
São em momentos destes, de perda irreparável, que devemos valorizar o que temos e repensar a forma como nos posicionamos perante nós próprios e perante os outros.
Na maioria das vezes penso que somos ingratos, porque achamos que temos sempre menos do que merecemos.
Na verdade, se temos saúde, família, teto e comida na mesa, temos mais, muito mais, do que a maioria das pessoas tem.
É aí que percebemos que muitas das lutas que travamos, muitas das guerras que compramos, não fazem sentido nenhum, absolutamente nenhum.
Pena que seja quase sempre a morte a nos recordar o valor que a vida tem.
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