Tal como sempre acontece em jogos que geram maior expectativa, o clássico de quinta-feira teve um pouco de tudo.
Em matéria de arbitragem e como era de esperar, também correspondeu. O jogo teve vários lances difíceis, que dividiram a opinião de adeptos, jornalistas e até de especialistas na matéria.
Nada de novo aqui: todos sabemos que o futebol não é uma ciência exata e que há situações técnicas que são impossíveis de carimbar.
Isso ocorre por várias razões: porque o lance, em si, é dúbio e deixa margem para leituras distintas; porque as imagens televisivas não são totalmente esclarecedoras; porque o coração, por vezes, cega a razão.
Seja porque motivo for, as coisas são assim e não apenas por aqui. Noutras paragens, com mais ou menos intensidade, mais ou menos elevação, a discussão é a mesma. Parte da espectacularidade do jogo assenta nesses factores, os da incerteza e imprevisibilidade de muitos dos seus momentos.
Vem esta reflexão a propósito do golo marcado ontem por Fábio Vieira.
Houve opiniões nos dois sentidos - da legalidade ou ilegalidade do movimento inicial - e isso só prova que, mesmo com boa tecnologia, várias câmaras e muitos zooms, há sempre qualquer coisa que, aos olhos de alguém, deixa a dúvida no ar.
Não vem ao caso aquela que foi a minha análise técnica desse instantâneo, mas o reforço da ideia que opinar diferente ou ler ao contrário dos outros, não é crime nem indicia incoerência. Não significa que uns estão certos e outros errados. São pontos de vista que exprimem, com sinceridade, a perspetiva genuína que uns e outros têm.
Quando for assim (e é tantas vezes) respeitem, mesmo discordando.
Não ridicularizem a versão que contradiz a vossa nem valorizem a que a valida. Esse não é um exercício inteletualmente honesto.
Saber conviver com o contraditório quando o contraditório não é absurdo é sinal de inteligência e educação.
O futebol dá-nos mais lições do que pensamos. É preciso estar atento e saber aproveitá-las para a vida.
Eu faço-o todos os dias e continuo a perceber pouco de tudo. É preciso ter essa humildade, senão paramos no tempo. Não evoluímos.
Desejo-vos um 2022 absolutamente fantástico. Todos merecemos que o próximo ano seja bem mais colorido do que aquele que hoje termina.
Abraço a todos.