Não é difícil escrever a crónica desta semana, tal a abundância de temas que me parecem relevantes. De tantos e tantos que podia aqui trazer, escolho três.
Queria começar pelos de foro desportivo.
I - Muito já disse e escreveu sobre o erro no sorteio da UEFA. E por muito que ainda se possa dizer e escrever, há algo que aquele incidente demonstrou que reforça uma verdade a que ninguém consegue escapar: errar faz parte.
É chato, mas é verdade. Às vezes, falhamos. É como é e é assim.
Falhamos mais quando somos menos competentes, atentos ou diligentes, é certo. E falhamos menos quando somos mais responsáveis, profissionais e capazes. Mas falhamos.
O problema não é nem nunca será esse. O problema, estrutural, é assumir o erro. Reconhecer o engano. Aceitar que não estivemos bem. Ter essa elevação é uma questão de caráter e esse, ou se tem ou não se tem.
Tal como acontece tantas vezes por cá - vide o que aconteceu no Belenenses SAD-SL Benfica -, também a UEFA fez a única coisa que não podia nem devia ter feito: atirou o odioso para o "prestador de serviços externo".
Chamar a si a responsabilidade (ainda que indireta ou involuntária) de um lapso com impacto público é coisa que não assiste a quem tem no zelo pela imagem, na sobrevivência e no ego valores de referência.
Não é para quem quer, é só para quem pode e, na alta roda, são poucos os que podem.
II - Os "clássicos" entre clubes históricos, por serem especiais para milhões e milhões de pessoas, deviam ter sempre a presença dos respetivos treinadores em campo. A única exceção deviam ser ilícitos disciplinares cometidos dias antes (na semana/jornada anterior), cuja sanção justificasse a sua ausência.
Impedir dois técnicos principais - Sérgio Conceição e Jorge Jesus - de estarem nos respetivos bancos técnicos, junto às suas equipas, num jogo com estas características, devido a atos praticados... sete e seis meses antes (?), é apenas e só, criminoso.
Neste caso, a justiça desportiva - amarrada em teias legais e regulamentares excessivamente burocratizadas - não foi justa. Não foi justa, não foi célere nem foi eficaz.
Quando atua assim, de modo tão tardio e com um sentido de oportunidade tão maquiavélico, transmite de si uma ideia de fragilidade. De incapacidade. E até de gozo. É a antítese de tudo o que a deve nortear.
A culpa não será de quem tem que aplicar a lei, mas de quem a tornou tão pesada, tão lenta, tão atrasada.

Fran Santiago
III - A tradição dos adeptos do Bétis (a de enviarem peluches para o relvado ao intervalo dos jogos na quadra natalícia) é qualquer coisa de delicioso. É, na verdade, o exemplo maior do que pode e deve ser o papel do adepto com "A" bem grande.
De há três anos para cá, os apoiantes da equipa sevilhana compram, cada um, um ursinho de peluche, que depois atiram para o relvado do Benito Villamarín, numa imagem coletiva fantástica, de enternecer o coração.
A prática já foi replicada, aqui e ali, noutros campeonatos, mas nunca nos estádios portugueses, por isso fica desde já o desafio:
- Super Dragões, No Name Boys, Juve Leo e demais claques (adeptos e/ou adeptos mais ou menos organizados)... ponham mãos à obra.
Mostrem a vossa dimensão enquanto defensores dos melhores valores no desporto. Ofereçam presentes para quem mais precisa, dando a todos nós a verdadeira imagem do que deve nortear o espírito subjacente ao verdadeiro adepto de futebol.
Organizem-se. Falam entre si. Tratem da logística. Não dará mais trabalho do que levar material pirotécnico, faixas ou bandeiras gigantes para as bancadas. Comprometam-se com isso. Surpreendam-nos.
Cá estaremos para vos aplaudir.
Façam-no por vocês mas, sobretudo, pelas muitas meninas e meninos a quem poderão oferecer um Natal mais sorridente.
Fica o repto.