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Os homens do título: Jonas, o revolucionário elegante

O avançado brasileiro, que chorou junto à linha enquanto esperava para entrar no último jogo, transformou-se numa das lendas do Benfica moderno, pela qualidade, elegância e golo. A Tribuna publica uma série de artigos sobre os futebolistas do Benfica que chegaram ao #37. Um por um, com estatística da Goal Point

TRIBUNA EXPRESSO E TIAGO PEREIRA SANTOS (ILUSTRAÇÃO)

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Aquelas lágrimas.

É a imagem que vai perdurar para quem viu e sentiu a angústia do brasileiro. Seria pela despedida ao Benfica? Pelas dores nas costas? Ou porque a pressão era enorme e chegou o alívio da vitória? Será o fim da carreira? Ou porque um dia lhe chamaram “o pior avançado do mundo”? Essa história infeliz remonta a março de 2009, quando o Grémio jogou contra o Boyacá Chicó, na Taça Libertadores. Jonas, que parecia um homem banal, falhou três golos na mesma jogada, dois deles com a baliza praticamente deserta. Para quem acompanhou os cinco anos deste futebolista em Portugal, torna-se difícil compreender aqueles segundos de desacerto e flagelo…

As lágrimas.

Quem sabe, naquele momento que tardou exatamente o mesmo tempo que João Félix demorou a sair do relvado, recordou os muitos golos que marcou com a camisola vermelha, os quatro campeonatos conquistados, mais a Taça de Portugal, as duas Taças da Liga e as duas Supertaças de Portugal. Virou herói do povo. Jonas foi, durante cinco temporadas, sinónimo de elegância e golo. Parava o tempo, parecia escolher sempre o melhor caminho.

Aos 35 anos, Jonas mora no segundo lugar na lista dos melhores marcadores estrangeiros da história do clube da Luz, só atrás de Óscar Cardozo. No campeonato, nos últimos cinco anos, foi assim: 20 golos (110 minutos/golo), 32 (89’), 13 (102’), 34 (73’) e, finalmente, 11 (94’).

Gualter Fatia

Esta época foi muito menos utilizado mas não perdeu a afinação nos pés. De acordo com os dados da Goal Point, Jonas marcou cinco com o pé direito, quatro com a canhota e dois de cabeça. Dos 11 golos (em 53 remates), nove foram de bola corrida: ou seja, meteu um de livre direto e outro de penálti. Contas feitas, nove deles aconteceram dentro da área. O ‘10’ do Benfica deu apenas uma assistência para golo, embora tenha criado três oportunidades flagrantes e assinado 16 passes para finalização.

Os números, no entanto, não podem explicar tudo, muito menos jogadores como Jonas, por tudo o que representa para a equipa, pelo temor que espalha no meio-campo alheio, pelas ideias arrojadas, os enigmas que desbloqueia e os espaços que abre para os colegas.

NurPhoto

Quanto ao papel defensivo, os números são mais magros: quatro ações defensivas no primeiro terço, oito no terço intermédio e seis no último terço, mais perto da baliza rival. Assinou oito desarmes, seis deles completos, duas interceções, aliviou quatro vezes a bola (e a equipa, provavelmente) e recuperou 32 vezes a posse de bola, trabalho este que terá beneficiado bastante da qualidade técnica e da capacidade impecável para parar qualquer bola. Quanto a duelos aéreos defensivos, que se contam pelos dedos das mãos, Jonas ganhou 60%.

Bruno Lage, em entrevista mais descontraída com vários jornalistas no final da época, elogiou o profissionalismo do avançado brasileiro. “Independentemente do estatuto e da importância do Jonas, ele tinha de estar disponível, e esteve sempre, para fazer os 90 minutos, para entrar como fez com Feirense e Belenenses, para entrar e revolucionar o jogo como foi com o Portimonense. E, depois, aquela demonstração de classe, aí [fiquei] completamente rendido ao profissional que ele é no jogo com o Rio Ave, por entrar dois ou três minutos e estar disponível para ajudar a equipa.”

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