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Willy Hernangómez: de melhor jogador no Europeu de basquetebol a esquecido na NBA

O início da época da NBA é esperado ansiosamente um pouco por todo o mundo. Os adeptos querem ver LeBron James, Kevin Durant, Stephen Curry, Giannis Antetokounmpo e muitos outros. Depois do último Eurobasket, Willy Hernangómez, MVP do torneio, entrava nessa lista, pelo menos deste lado do Atlântico. Porém, o espanhol desapareceu na rotação dos New Orleans Pelicans e pouco tem jogado

Rita Meireles

Jacob Kupferman

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Há pouco mais de um mês, toda a gente falava dele, incluindo a Tribuna Expresso. Willy Hernangómez acabava de se sagrar campeão da Europa, ao serviço da seleção de basquetebol espanhola, e MVP (jogador mais valioso) do Eurobasket. Assinou o maior número de pontos por jogo (17,2) e de ressaltos (6,9).

O torneio que arrancou com Nikola Jokic, Giannis Antetokounmpo e Luka Doncic como os principais representantes das estrelas da NBA na Europa, acabou com a noção de que outros jogadores conseguem brilhar ao mesmo nível. Willy foi um deles. Juancho Hernangómez, o seu irmão e MVP da final, foi outro.

Só que a meio do mês passado a NBA regressou e a esperada temporada de afirmação não aconteceu, numa liga em os jogadores deste lado do Atlântico têm cada vez mais preponderância. O espanhol de 28 anos voltou aos EUA para a sua terceira temporada como jogador dos New Orleans Pelicans. De novo com o número nove na camisola, depois de ter jogado com o 14 durante o verão em homenagem a Fernando Alonso, Hernangómez passou de MVP para o último suplente da sua equipa, algo que atirou por terra a convicção de que seria mais importante para a equipa este ano.

Dos seis jogos que os Pelicans já disputaram, o mais velho dos irmãos Hernangómez só participou em dois. E não por muito tempo: foram 14 minutos, cerca de cinco contra os Charlotte Hornets e os restantes frente aos Phoenix Suns. No total, assinou quatro pontos, uma assistência e nove ressaltos. No último jogo da equipa, frente aos Los Angeles Clippers, todos os seus colegas pisaram a quadra, Willy foi o único que não teve minutos de jogo.

O que é que leva um MVP na Europa para o fundo do banco na NBA?

A única pessoa que poderia dar resposta a esta pergunta é Willie Green, o treinador da equipa, que continua a optar por dar ao jogador o mesmo papel que lhe deu em outras épocas, com ou sem um verão ao máximo nível. E mesmo que já tenha afirmado publicamente que considera Hernangómez “um dos pilares da equipa”.

A química entre jogadores pode ser um dos motivos, segundo explica o jornalista Sergio Rabinal no website “The Sporting News”. À sua frente na rotação, o espanhol tem Larry Nance e Jaxson Hayes. O primeiro tem uma ligação forte com CJ McCollum, um dos veteranos da equipa, o que faz com que se entendam dentro de campo de uma forma muito mais clara do que com qualquer outro jogador. O regresso de Zion Williamson, com quem Hernangómez sempre trabalhou bem, poderia ter sido uma boa notícia, mas até ao momento não foi aposta do treinador.

As diferenças entre o basquetebol europeu e norte-americano também não passam despercebidas. Vários jogadores já falaram sobre elas, o que deixa duas possibilidades em aberto: ou as diferenças são tais que o jogador não tem o mesmo rendimento nos dois continentes, ou os Pelicans não estão recetivos ao jogo europeu de Hernangómez.

Michael Reaves

Quando se está há alguns anos na NBA e se é o terceiro jogador na rotação numa determinada posição, é bem possível que a hipótese de sair comece a estar mais presente. O contrato que renovou em 2021 tem o último ano como opcional. Ou seja, até ao início do verão de 2023 podem ser os Pelicans a decidir que Hernangómez terá que sair e não realizar a última época do contrato.

A transferência é arriscada, mas talvez seja a melhor opção para o espanhol. Pelo menos melhor do que se tornar um agente livre, uma vez que, com poucos minutos em campo, não está a ter muitas oportunidades para mostrar o que vale às restantes equipas da liga norte-americana.