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Shaquille O’Neal, o reformado de sucesso, tem uma previsão sobre Wembanyama: “Será, provavelmente, um dos melhores jogadores de sempre”

Para Shaquille O’Neal, o momento ideal para começar a preparar a reforma é o mais cedo possível. Foi talvez esse o grande segredo do seu sucesso hoje em dia, em áreas relacionadas, ou não, com o basquetebol. Shaq é um exemplo de que o pós-NBA pode ser tão bom quanto a carreira na liga quando corretamente planeado

Rita Meireles

Brett Hemmings/Getty

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Quando a carreira desportiva acaba, nem sempre é fácil para os atletas encontrarem um novo caminho. Depois de uma vida inteira dedicada a uma modalidade, o que se segue? Durante muitos anos, no currículo de Shaquille O’Neal apareceu apenas “jogador de basquetebol”. Por estes dias, a lista é muito maior e serve como bom exemplo de que existe muito mais depois do jogo.

O agora empresário, de 50 anos, fez um MBA e um doutoramento, escreveu uma dissertação com o título “Como os líderes utilizam o humor ou a agressão nos estilos de liderança”, fundou a cadeia Big Chicken e tem vários restaurantes das marcas Five Guys, Auntie Anne's e Papa John’s. Shaq faz ainda colaborações com marcas de moda, joalharia, produtos tecnológicos e livros infantis, além de ser DJ e atuar com o nome “DJ Diesel” em festivais de todo o mundo.

Tudo isto sem esquecer o que o trouxe até aqui num primeiro momento: o basquetebol. Já foi um dos acionistas minoritários dos Sacramento Kings, é comentador da NBA e um dos apresentadores do podcast “The Big Podcast with Shaq”.

“Eu sou apaixonado por ter a oportunidade de fazer coisas para tocar as pessoas, fazer sorrir, divertir-me”, disse O'Neal ao “The Guardian”. Mas nada disto surgiu de um dia para o outro, o ex-jogador revelou ainda que começou a planear a vida após o basquetebol logo na segunda temporada da sua carreira de 19 anos na NBA.

“Os meus pais eram muito bons no: ‘E se te lesionares?’ E se não fores assim tão bom? O que é que vais fazer? Poupa algum desse dinheiro. Não, eu não quero um carro novo, compraste-me um no ano passado, poupa o teu dinheiro”, contou. “E depois pensei: a certa altura vou ter que me reformar, gostaria de viver o mesmo estilo de vida. Quando se vem do nada e depois se tem tudo, quer-se manter tudo”.

Ed Zurga

Um dos segredos para o seu sucesso no mundo dos negócios está em rodear-se das pessoas certas. Algo que percebeu depois de ler o livro “Dummies Guide to Starting Your Own Business”. Comprá-lo, considerou, foi a melhor coisa que fez. Shaq prefere colocar a pessoa certa para um negócio na frente do seu novo investimento, do que ser ele a tentar adivinhar seja o que for.

No que diz respeito à NBA, é ele próprio que sabe o que está a fazer. O vencedor de quatro títulos da liga norte-americana falou sobre o basquetebolista que, apesar de nem ainda nem sequer cometir na liga norte-americana, mais está a dar nas vistas atualmente, sobretudo pelo falatório que o rodeia: o francês Victor Wembanyama.

“É um jogador fabuloso, o céu é o limite para ele. A dada altura, vai ter de elevar o nível. Quando entrei, eu era muito bom. Depois alguém disse que era preciso melhorar. E depois, finalmente, disseram: ‘O Shaq é um grande jogador’. Mas eu queria ser maior do que isso. E depois quis tornar-me o maior de sempre. Portanto, se ele tiver essa mentalidade, será provavelmente um dos melhores jogadores de sempre”, afirmou.

Ao mesmo tempo que olha para o futuro com bons olhos, Shaq não consegue evitar sentir saudades do jogo do passado, das grandes rivalidades e de um jogo com mais contacto, algo que, considerou, muitos evitam hoje em dia. Por outro lado, entende que os jogadores estão sujeitos a uma grande pressão para conseguirem um título.

“É dececionante ser-se considerado um grande jogador e não ter vencido um campeonato, especialmente quando continuas a tentar fazê-lo sozinho e não o consegues fazer. Tens de ir ao que é fácil: ‘vou-me juntar a este jogador ou a esta equipa’”, disse O'Neal. “Nós, veteranos, não gostamos disso porque gostamos de competição. Eu costumava adorar ver os Lakers a vencerem Detroit. Tentar ver Detroit a vencer os Bulls, tentar ver-nos vencer os Spurs, é competição. Muitos jogadores agora, por causa das pressões, estão a formar equipa”.

Mas há uma exceção: Giannis Antetokounmpo, jogador dos Milwaukee Bucks desde o draft de 2013. Um dos jogadores de quem assume ser um grande fã.