Perfil

Mundial 2022

Mundial 2022

Mundial 2022

A FIFA quer saber como, na final do Mundial, um chef conhecido pela forma como atira sal para a carne entrou no relvado e levantou o troféu

Os jogadores, a equipa técnica da Argentina e a pessoa que lhes entregou o troféu. Seriam esses os únicos autorizados a tocar no troféu de campeão mundial. Além deles, os familiares que festejam com os jogadores. Mas a final de 2022 ficou marcada por um intruso. O famoso chefe de cozinha ‘Salt Bae’ fez parte das celebrações, algo que a FIFA está agora a investigar

Rita Meireles

Instagram Salt Bae

Partilhar

O Mundial acontece de quatro em quatro anos e desde 1974 que aos vencedores é entregue o troféu no seu formato atual - antes e desde 1930, era o ‘velhinho’ Jules Rimet. Apenas seis seleções receberam o troféu desde então. É uma das jóias – o ouro de 18 quilates permite que a tratemos assim – mais exclusivas do futebol mundial e por isso tem regras, segurança e história próprias.

Falamos da taça do Campeonato do Mundo. Ou falávamos.

A recente final do Mundial fez-nos saber que a segurança se perde depois do apito final. Pelos vistos, a regra da própria FIFA que dita que só os vencedores, responsáveis da entidade que manda no futebol e chefes de estado é que lhe podem tocar já não se aplica. A razão?

Vimos Salt Bae levantar o troféu mais importante da modalidade.

O chef, que na verdade se chama Nusret Gokce e ganhou a alcunha depois de se tornar famoso devido à forma como coloca sal na carne que serve (quase toda uma coreografia), conseguiu a proeza de roubar as atenções na final do torneio. Pelo menos nas redes sociais, onde a sua popularidade muito cresceu em anos recentes - em maio, por exemplo, aquando da abertura de um restaurante seu em Nova Iorque, publicou vídeos de gente como Neymar, Daniel Alves, Tom Brady ou Mark Wahlberg a desejaram-lhe boa sorte.

No domingo, no Catar Salt Bae conseguiu tocar e beijar o troféu presenteado aos vencedores do Mundial e interagir com os jogadores argentinos, Lionel Messi incluído.

Várias estrelas argentinas do passado e do presente, como o próprio Messi e Diego Maradona, já passaram por um dos restaurantes de Gokce ao longo dos anos. A fama do turco não está apenas nas cozinhas, mas também nas redes sociais, onde atraiu a atenção dos nomes mais famosos do mundo. O que confirma o sucesso é a expansão que conseguiu fazer ao longo dos anos. Hoje tem restaurantes na Turquia, Estados Unidos, Inglaterra, Grécia, Arábia Saudita, Catar e Emirados Árabes Unidos.

Então é isto que explica o acesso do chefe ao relvado do estádio que recebeu a final do Mundial? Não só. É preciso procurar outras ligações que, sim, Gokce tem.

Instagram

A sua relação com a FIFA começou em 2013, segundo o site espanhol “Relevo”. Na altura, o presidente era Joseph Blatter, com quem até chegou a publicar uma fotografia no Instagram. Aí o turco ainda não era conhecido a nível mundial, nem tinha os quase 50 milhões de seguidores na plataforma que tem hoje, mas a proximidade à FIFA já era visível.

Depois disso, a relação tornou-se inegável.

Gianni Infantino, presidente da FIFA e um desses milhões de seguidores, já foi visto nos restaurantes de Salt Bae diversas vezes e, por outro lado, o chef já foi convidado para eventos como a gala “The Best”.

Garantido o acesso ao relvado do jogo onde Argentina e França disputaram a final, no estádio Lusail, a celebridade do Instagram fez o que sabe fazer melhor para as redes sociais: tirou fotografias que mais tarde publicou e fingiu colocar sal em cima da taça.

Só que tudo isto levou a dois problemas - tocou na taça e interferiu nas celebrações dos jogadores com as suas famílias pela repetida insistência em pedir-lhes que posassem para fotografias O que lhe rendeu, além das imagens, alguns vídeos virais onde o constrangimento dos jogadores é visível.

Confrontada com a situação, e com o desagrado de muitos, a FIFA decidiu abrir uma investigação e prometeu “ação interna” sobre como o cozinheiro invadiu as celebrações da seleção da Argentina.

“Na sequência de uma revisão, a FIFA tem vindo a estabelecer como as pessoas obtiveram acesso indevido ao campo após a cerimónia de encerramento no Estádio Lusail, a 18 de dezembro”, lê-se no comunicado.

Apesar da relação de Salt Bae com Infantino ser pública, aparentemente o presidente não teve qualquer responsabilidade neste caso e a tal “ação interna” estará relacionada com outro membro do pessoal da FIFA que permitiu o seu acesso.