Gonzalo Montiel, o lateral que muitas vezes se senta no banco do Sevilla e da seleção argentina, prepara-se para bater um penálti. Respira fundo, corre para a bola, remata. É o último toque numa bola dado no Catar 2022. O derradeiro tiro da final. Argentina campeã. Montiel, o quase anónimo, passou à eternidade.
“Onde estavas quando o Montiel marcou aquele penal?”, será pergunta para quebrar o gelo em conversas entre argentinos. Filmes protagonizados pelos Ricardos Darín do futuro usarão “fizeste-me tão feliz como o Montiel” como expressão-código para fazer referência a momentos de alegria.
A imagem de Paredes, Otamendi ou Acuña celebrando no sentido oposto ao normal, abraçando o capitão que estava de braços esticados rumo ao céu, será emoldurada e presidirá a altares mais ou menos ateus. Messi tocaria na copa hermosa de que falava Diego, já saberia quanto ela pesava. Depois de um carrossel de emoções, de uma montanha-russa de situações, a final estava terminada.
O duelo de Mbappé e Messi, da defesa de Martínez a Kolo Muani, das recuperações francesas ou da magia de Di María deu-nos, imediatamente, a sensação de estarmos perante algo histórico. A intensidade do vivido gerou, ao redor do mundo, uma questão.