Há um momento no relvado do Lusail, estádio do Catar onde a Argentina lavrou a repetida proeza de garantir a segunda final de um Mundial em oito anos, em que os jogadores saltitam, uns abraçados e outros com os braços-esparguete no ar, entoando com os adeptos a canção que louva “Don Diego” Maradona e senhora sua mãe, “Dona Tota”. Durante alguns segundos, um deles também esbraceja, sorri, canta e mexe os pés, mas numa nota abaixo, não exatamente com a mesma intensidade. Até o puxarem para a molhada festiva, colocando-o ao centro da roda, ele aparenta felicidade sem êxtase, alegria sem estar rejubilante. Esse jogador era Lionel Messi.
Algo contido, quase com ares de vergonha em celebrar sem freios, tiveram de puxar o capitão da Argentina para a festa, e ele lá se rendeu. Sabiam que, este domingo, todos voltariam a esse mesmo recinto para jogarem a decisão do Campeonato do Mundo (15h, RTP1), torneio já não visto na Argentina como uma obrigação cobrada a Messi mas sim como uma espécie de missão a cumprir por quem lhe faz companhia na seleção. Nos últimos anos, sobrecarregada ainda mais pela conquista da Copa América em 2021, a aura de credor suplantou a de devedor em Lionel.