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Onde anoitece de uma maneira diferente e ninguém quer ir - a história de duas fan zones opostas em Doha

Mundial 2022

Uma é no centro, onde apenas turistas e adeptos que têm uma aplicação no telefone têm acesso, onde há cerveja e todo o tipo de experiências coloridas e futuristas, e outra ao pé da Labour City, um campo de críquete ao lado de um complexo onde podem viver até 70 mil trabalhadores imigrantes. Até ver futebol é uma experiência de contrastes no Catar

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Hugo Tavares da Silva

Hugo Tavares da Silva

enviado ao Mundial 2022

Jornalista

É um reino de contradições e contrastes. As regras e as proibições parecem ser feitas à medida do privilégio. O sorriso de quem serve, quem sabe quase sempre honesto, é subserviente e acompanhado por “sir”. É desconfortável por vezes e nunca traz um qualquer lamento ou desabafo. A cidade funciona serenamente como uma qualquer cidade que funciona, tolerando alguns exageros ou vestimentas ousadas, para que os turistas se sintam bem, sobretudo no festivo e colorido Souq Waqif.

Do outro lado, das pessoas que visitam o país, também existe esse código manso que fecha os olhos à corrupção que nos trouxe até aqui ou à trágica criminalização da homossexualidade. Como chegou a ser escrito num diário inglês, por cada momento de prazer há necessariamente um sentimento de culpa. O que vemos não é toda a verdade do país, já o sabemos, e o deslumbramento do futebol afasta-nos da realidade.

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