Escrever “2010” e “futebol espanhol” é ir mentalmente para a África do Sul. No Mundial das vuvuzelas, o jogar que já se pregava em Barcelona consagrou-se no topo do planeta. Quando defrontar a Espanha era estar submetido a um eterno rondo (ou meiinho, ou rabia) e os Barça - Real eram como finais de uma disputa global que dividia a Terra em dois, 2010 é o culminar do otimismo espanhol, da ideia de invencibilidade, de que haveria sempre um pé de Casillas a travar Robben, um cabeceamento de Puyol a sobrevoar alemães, um passe pensante de Xavi, uma finalização precisa de Villa, um remate de Iniesta.
Pouco depois da final de Joanesburgo, Pablo Martín Páez Gavira, um menino de 6 anos cumpridos em agosto, apresentou-se para começar a jogar no La Liara, o clube local de Los Palacios y Villafranca, uma localidade da Andaluzia que não chega aos 40.000 habitantes. Manuel Vasco, o treinador, lembra-se bem do primeiro dia em que um “miúdo muito tímido e um ano mais novo que a maioria” chegou para treinar num conjunto que já estava formado.