Chefe para o Desenvolvimento Global do Futebol da FIFA, a passagem de Arsène Wenger pelo organismo máximo do futebol não tem sido feita sem polémicas. Depois de mais de duas décadas no Arsenal, onde levou a equipa a títulos e ganhou a aura de grande descobridor de talentos, o francês viu a sua imagem manchada pela ideia do Mundial a cada dois anos - fortemente rejeitada principalmente na Europa - e, agora, no Catar, volta às declarações controversas.
Num briefing com os media este domingo, em Doha, Wenger foi questionado sobre o desempenho da Alemanha e a segunda eliminação consecutiva dos germânicos na fase de grupos do Mundial. Na resposta, o antigo treinador gaulês ligou a pobre performance ao facto da Alemanha ter sido uma das seleções mais vocais na defesa dos direitos humanos já no Catar.
“Quando vais a um Mundial de futebol, sabes que não podes perder o primeiro jogo”, começou por dizer Wenger. “Equipas com experiência como a França e a Inglaterra jogaram bem no primeiro jogo. Equipas que estavam mentalmente preparadas, que se focaram na competição e não em manifestações políticas”.
De relembrar que depois da FIFA impedir que várias seleções europeias usassem uma braçadeira de capitão com as cores do arco-íris, a Alemanha foi a única seleção que se manifestou. Antes do jogo de estreia com o Japão, os onze jogadores titulares colocaram a mão na boca no momento em que tiravam a foto oficial, uma das imagens deste Mundial. Os alemães perderiam esse encontro por 2-1. Outra das seleções muito ativas na luta pelos direitos humanos, a Dinamarca, também caiu com surpresa na primeira fase da prova.
Por outro lado, a Austrália, cujos jogadores também se manifestaram num vídeo contra a violação dos direitos humanos no Catar, teve um desempenho muito acima do que se esperaria, chegando aos oitavos de final.
Formato para 2026 ainda por decidir
Quando faltam praticamente três anos e meio para o próximo Mundial, que será disputado em 2026 nos Estados Unidos, México e Canadá, ainda não está definido o formato do torneio, o primeiro a ser disputado por 48 seleções.
No mesmo evento, Arsène Wenger disse ainda que nada está decidido e que a ideia inicial de dividir as seleções em 16 grupos de três equipas cada não é definitiva, havendo três hipóteses em cima da mesa.
“Podem ser 16 grupos com três equipas, podem ser 12 grupos com quatro equipas cada um ou talvez dividir dois lados com 24 equipas”, o antigo técnico, que revelou que a decisão final será tomada no Conselho da FIFA de 2023.