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Mundial 2022

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O inferno chegou a casa dos diabos vermelhos da Bélgica: uma reunião de grupo ia acabando mal e há jogadores que nem se falam

São conhecidos como “diabos vermelhos”, só que ao longo deste Mundial é contra eles próprios que têm sido esse “génio do mal”, como é definido. Os conflitos pessoais instalaram-se no balneário da Bélgica, os resultados não ajudam e estão a deixar a seleção que eliminou Portugal no último Europeu muito perto de não passar da fase de grupos no Catar

Rita Meireles

DeFodi Images

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Depois de entrar no Mundial a vencer, 1-0 frente ao Canadá, a Bélgica protagonizou uma das maiores surpresas da fase de grupos. Ou melhor dizendo, deixou Marrocos assumir o protagonismo. Num daqueles jogos em que todos atribuem o favoritismo a uma das equipas e no fim os underdogs surpreendem, a seleção africana venceu a europeia por 2-0, deixando-a de calculadora na mão para conseguir chegar aos oitavos.

Ao que tudo indica, as dificuldades dentro de campo são o reflexo do que se passa no balneário. Segundo o jornal francês “L’Équipe”, os jogadores da Bélgica juntaram-se para uma reunião de emergência na manhã da passada segunda-feira, com o objetivo de solucionar a crise em que se encontram, mas as coisas não correram da melhor forma.

O problema começou antes mesmo do torneio. "A nossa oportunidade foi em 2018. Temos uma boa equipa, mas está envelhecida e perdemos alguns jogadores chave. Temos bons novos jogadores, mas eles não estão ao nível de 2018. Não há qualquer hipótese de ganharmos o Mundial, somos demasiado velhos", disse Kevin de Bruyne ao "The Guardian".

Na altura, as declarações do jogador foram bastante criticadas. “Quando tens alguns dos teus melhores jogadores a dizer: 'Não temos hipótese neste Campeonato do Mundo, o plantel é demasiado velho', isso irá afetar a mentalidade deste grupo. Não há paixão, não há fogo", defendeu Pablo Zabaleta, ex-futebolista argentino que jogou com De Bruyne no Manchester City, à BBC Sport.

Após a derrota contra Marrocos, Jan Vertonghen mostrou que realmente as declarações afetaram o grupo.

“Estão a passar-me várias coisas pela cabeça neste momento, coisas que não devia dizer, pelo menos fora do balneário. Provavelmente também atacamos mal porque estamos muito velhos, certo?”, afirmou ao canal Sporza.

Segundo o “L'Équipe”, De Bruyne, Vertonghen e Eden Hazard foram os jogadores que desestabilizaram a reunião da equipa. Um desentendimento entre os três obrigou Romelu Lukaku a intervir para que a situação não se tornasse ainda pior.

A Bélgica abordou o Mundial com um grupo marcado pelos conflitos pessoais entre os seus jogadores. “Michy Batshuayi e Romelu Lukaku também não são melhores amigos. Eden Hazard e Leandro Trossard não se falam”, lê-se no artigo do diário francês, que menciona também que De Bruyne e Thibaut Courtois “não se falam há anos por motivos particulares”.

Confrontado com esta situação, Roberto Martinez, selecionador da equipa belga, nem tentou esconder que os problemas realmente existem. “Sim, há tensões no grupo. É natural, os jogadores jogam juntos há muito tempo. É como numa família; se não há tensões ou desacordo numa família é porque não há emoções”, disse ao canal RTBF.

Que equipa será esta depois de tudo o que aconteceu? Não se sabe. Mas se há alguma boa notícia no meio de tudo isto é que a Bélgica só entra em campo, frente à Croácia, na próxima quinta-feira. Têm dois dias para garantirem que os problemas ficam fora das quatro linhas.