Quando recordava o mês da sua vida que mais o transformou eternamente em Maradona, Diego Armando dizia sempre para repararmos nas sombras dos corpos que, em 1986, jogavam futebol no México. “Fíjate onde estão as sombras e vais perceber o primeiro problema daquele Mundial”, disse o Diez em 2016, quando participou num programa de comemoração dos 30 anos da vitória da Argentina.
Vendo imagens daquele campeonato com o filtro de atenção imposto por Maradona, rapidamente percebemos que o sol está lá sempre alto, queimando verticalmente as almas que ousavam enfrentar o calor que o astro emanava. Para coincidirem com o prime time europeu, os jogos eram sempre nas horas de maior calor no México.
Assim foi a 1 de junho de 1986, em León. Às 15h deu-se o pontapé de saída num duelo entre uma das maiores favoritas ao título e uma estreante absoluta. De um lado estava a França, campeã da Europa, liderada por um Michel Platini que se sentava no trono do planeta da bola — um mês depois o reinado terminaria às custas de um certo barrilete cósmico — e que era acompanhado por Jean Tigana, Alain Giresse ou Luis Fernández; do outro o desconhecido Canadá.