Comecemos por 1990, o primeiro Mundial da Costa Rica. Ser o camisa 9, mesmo numa seleção estreante, é sempre especial, ou não?
[risos] Foi muito especial para mim. Foi a primeira Copa da Costa Rica, jogada na Europa. Foi especial porque, além de me ter naturalizado no ano de 1984, disputei a qualificação de 1986. Não deu para ir para o México, mas classificámos para 1990. Foi muito legal para mim, também porque apanhámos o Brasil no nosso grupo. Foi uma sensação muito inesperada. Foi uma dupla alegria. E, depois, a performance da Costa Rica nesse Mundial foi extraordinária. As seleções preparavam-se jogando contra equipas, não existiam as datas FIFAS e essas coisas. A Costa Rica chegou a essa Copa do Mundo com muito poucos jogos internacionais e termos passado da fase de grupos para os oitavos de final foi inesquecível.
Se calhar ainda viu alguns amigos do Brasil do outro lado.
Vou contar-te uma história. O nosso primeiro jogo foi contra a Escócia e, no dia anterior, o Brasil jogava contra a Suécia. No café da manhã, nesse dia, o nosso treinador, o Bora Milutinović, com quem eu tinha uma relação muito boa e próxima, disse-me: “Quero que vás comigo e com o meu auxiliar para Turim”. Nós estávamos numa aldeia chamada Mondovì. “Para Turim?”, disse eu. “Sim, joga o Brasil contra a Suécia e eu quero que você comece a acostumar-se a ver camisas verdes a amarelas para quando jogarmos contra o Brasil” [risos]. E eu disse que jogávamos no dia seguinte. Ele respondeu: “Sim, jogamos contra a Escócia, mas tu vais estar no banco, então podes ir assistir o jogo numa boa” [risos].