Depois de um ano na Arábia Saudita, José Soares aceitou um convite vindo do Catar, para vestir a camisola do Al-Shamal. O ano era 2004. Cedo sentiu uma sociedade mais aberta comparando com aquela em que estava, pelo menos na lógica do turista ou do estrangeiro, ainda que tivesse de respeitar as regras e leis apertadas que impunham aquele Estado. Vivia no meio de Doha, entranhou-se no “mundo árabe”, como diz. Ainda nem havia cinema, recorda, mas as piscinas eram um belo escape. Os futebolistas forasteiros a jogar naquele campeonato, verdadeiras trutas, davam-se todos.
“No início, havia uma festa de abertura onde estavam todos os estrangeiros, íamos ao palco falar. Fui com eles, Guardiola, Batistuta, os irmãos de Boer, Sonny Anderson, Desailly. Depois começámos a falar”, conta o antigo central, hoje com 46 anos. Aquelas lendas já recebiam, na altura, uma fortuna, o que não era a realidade então de Soares e a de hoje, mas tinham de lidar com o outro lado da moeda, desavindo para quem desde tão cedo levou a profissão com seriedade e quase obsessão.