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Mundial 2022

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Com o Irão mergulhado em protestos e tensão, Taremi envia “condolências” ao “povo” e Queiroz quer dar uma “alegria” no Mundial

O avançado do FC Porto expressou os seus “sentimentos a todos os que perderam entes queridos” e o técnico disse que a seleção quer “fazer do Campeoanto do Mundo uma festa”. Mais de 300 pessoas foram mortas e quase 15.000 detidas nos protestos no Irão

Lusa e Expresso

Shaun Botterill - FIFA/Getty

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Mais de 300 pessoas foram mortas e quase 15.000 detidas nos protestos no Irão desencadeados pela morte de uma mulher a 16 de setembro, após ser detida pela polícia de costumes, segundo dados avançados pelo grupo Ativistas dos Direitos Humanos. Com as manifestações a serem consideradas a maior ameaça ao regime teocrático do Irão desde a Revolução Islâmica, em 1979, a seleção de futebol do país prepara-se para disputar o Mundial do Catar.

No campeonato, os iranianos estão no grupo B, juntamente com Estados Unidos da América, País de Gales e Inglaterra. A equipa tem como técnico o português Carlos Queiroz, que estará na sua quarta fase final de Mundial consecutiva, e como uma das principais referências o avançado Medhi Taremi, do FC Porto.

Em declarações à imprensa durante o estágio do Irão, Queiroz e Taremi falaram da importância da seleção no meio do clima tenso que se vive no país, salientando a vontade de dar “uma alegria” aos iranianos.

Depois de ter feito três partidas no Rússia 2018, Taremi chega ao Catar depois de grandes temporadas no FC Porto. O atacante expressou o desejo de “proporcionar felicidade” ao povo iraniano durante o Mundial e mitigar, de alguma forma, o clima de tensão que se vive.

“Quero enviar as minhas condolências ao meu povo. Têm sido tempos diferentes e quero expressar os meus sentimentos a todos os que perderam entes queridos. Estamos aqui para proporcionar felicidade ao nosso povo e, se o conseguirmos, o nosso objetivo já estará cumprido”, afirmou Taremi, em declarações aos jornalistas portugueses, em Al Rayyan.

FADEL SENNA/Getty

Depois de ter orientado Portugal em 2010 e o Irão em 2014 e 2018, Carlos Queiroz está novamente numa fase final da principal competição global. O técnico garante que, apesar do ambiente que se vive no país, os seus jogadores estão “completamente focados na preparação” da competição, ainda que indique que o grupo de trabalho tem “sentimentos”. "É por isso que estamos aqui, para fazer do Campeonato do Mundo uma festa. Precisamos de alegria”, terminou.

As manifestações no Irão deverão intensificar-se nos próximos dias, à medida que as pessoas vão para as ruas para marcar o luto dos 40 dias pelos primeiros manifestantes mortos, uma cerimónia comum em vários países do Médio Oriente.

Mahsa Amini morreu num hospital em 16 de setembro, três dias após ser detida pela polícia da moralidade por usar o véu islâmico alegadamente de forma incorreta. Desde então, os protestos mantêm-se, sendo duramente reprimidos pelas forças de segurança.

A indignação no Irão pela morte de Mahsa Amini provocou a maior onda de protestos contra o Governo desde as manifestações contra o aumento dos preços da gasolina de 2019, num país rico em petróleo.