A estatística mais assustadora do Mundial 2022 é, na verdade, um número desconhecido. Ninguém o sabe determinar ao certo. Mas não são golos marcados, dribles realizados ou defesas efetuadas. Trata-se de abusos e exploração. São mortes.
Uma investigação do “The Guardian”, publicada em 2021, revelou que pelo menos 6.500 trabalhadores migrantes da Índia, Paquistão, Nepal, Bangladesh e Sri Lanka morreram no Catar desde que, em 2010, Sepp Blatter abriu um envelope com o nome do pequeno Estado do Médio Oriente dentro. Segundo a Amnistia Internacional, pelo menos 100 mil trabalhadores migrantes foram “explorados ou abusados” devido à falta de proteção laboral ou acesso à justiça no Catar, nos últimos 12 anos. Já o comité organizador diz que só três pessoas morreram em acidentes de trabalho durante construções associadas ao Mundial.
A embaixadora nepalesa em Doha chegou a dizer que o Catar se tornara numa “prisão a céu aberto” para os trabalhadores do seu país. Ao saber desta trágica realidade, Martin Schibbye, editor-chefe da Blankspot, uma plataforma de jornalismo sueca, quis “falar sobre as pessoas por detrás das estatísticas” e foi “à procura de respostas” na Índia, no Nepal e no Bangladesh.