A Amnistia Internacional organizou, para o Portugal - Nigéria, uma ação de solidariedade para com os trabalhadores que sofreram abusos de direitos humanos nas construções associadas ao Mundial 2022. A ideia era distribuir mil camisolas amarelas com o número 4 — devido ao artigo 4.º da Declaração Universal dos Direitos Humanos — e em referência à “Forgotten Team”, a “equipa esquecida” de migrantes abusados no Catar.
No entanto, várias pessoas que vestiram as camisolas foram proibidas de entrar no estádio. Os seguranças obrigaram diversos adeptos a despirem as camisolas e entregarem-nas para, assim, acederem às bancadas. Ativistas da Amnistia Internacional tentaram, depois, entrar com o amarelo vestido, mas obtiveram a mesma resposta. Vendo que os equipamentos estavam amontados à entrada, os ativistas pediram que estes fossem devolvidos. Os seguranças também se recusaram a restituir as camisolas abandonadas.
À Tribuna Expresso, Pedro Neto, diretor executivo da Amnistia Internacional Portugal, diz que o caso o “surpreendeu”, já que não “esperava” que “alguém fosse impedido de entrar num estádio por causa da roupa que tinha vestida”. Lamentando a proibição que colide com “liberdades asseguradas na Constituição e em todos os tratados e convenções internacionais a que Portugal aderiu”, Pedro Neto opina que o sucedido “fez lembrar um pouco o que se vive no Catar”.