A seleção dos Países Baixos vai ao Catar para jogar o Mundial, mas não fica por aí. O selecionador Louis van Gaal disse esta sexta-feira que a equipa vai tirar algum tempo do calendário para se reunir com um grupo de migrantes que trabalhou na construção dos estádios onde se vai jogar o torneio.
O encontro está marcado para o dia 17 de novembro, antes de começarem os jogos, e vai contar com a presença de cerca de duas dezenas de migrantes. Os Países Baixos pretendem falar com o grupo sobre as condições de trabalho que tiveram e dar-lhes a oportunidade de estarem presentes num dos treinos da equipa. Tudo isto surge após a federação neerlandesa também criticar a ausência de direitos humanos e as condições de trabalho no Catar.
"Claro que será uma situação algo fabricada, mas o facto de estarmos dispostos a fazer isto diz algo sobre as ideias da KNVB e deste plantel. Mas após a hora com os migrantes, o foco precisa de mudar para o Senegal", disse Van Gaal, referindo-se à primeira seleção que vão encontrar neste Mundial.
Além de deixar clara a posição dos neerlandeses, este encontro vai também colocar em foco tudo aquilo com que estes trabalhadores tiveram que lidar durante o período de construção de infraestruturas para a competição. De acordo com uma investigação do “The Guardian”, desde que as obras começaram, morreram cerca de 6.500 trabalhadores no Catar.
Van Gaal também já se tinha posicionado contra a realização do torneio no país, em março passado. Para o treinador, a decisão é "ridícula" e acusou a FIFA de colocar o dinheiro na frente de tudo o resto.
"Todos sabem que eu acho isso ridículo", disse então Van Gaal, que leva os Países Baixos ao Mundial depois de terem falhado o torneio em 2018. "É ridículo irmos jogar num país - como é que a FIFA diz? Para desenvolver o futebol lá. Isso é uma treta. Mas não importa, trata-se de dinheiro, de interesses comerciais. Esse é o principal motivo da FIFA".