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Mundial 2022

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Ativista foi preso no Catar por fazer protesto em defesa da comunidade LGBT+: “A FIFA não conseguiu assegurar uma mudança”

E se houver um protesto durante o Mundial do Catar, o que é que acontece? Peter Tatchell fez esse teste esta terça-feira, pela defesa dos direitos dos homossexuais, e acabou por ser detido e interrogado durante 49 minutos

Rita Meireles

Peter Tatchell Fdn/Twitter

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Se ainda restavam dúvidas sobre qual será a ação das autoridades do Catar quando confrontadas com protestos durante o Mundial 2022, foram essas foram em parte desfeitas esta terça-feira. O ativista Peter Tatchell realizou o primeiro protesto em defesa da comunidade LGBT+ no país e acabou por ser preso.

A detenção ocorreu perto do museu nacional do Catar, em Doha, e durou 49 minutos. Nas imagens divulgadas no Twitter da sua fundação, Tatchell surge com um cartaz onde se pode ler: “O Catar prende e sujeita homossexuais à 'conversão'”. O ativista também tinha vestida uma t-shirt com a hashtag: #QatarAntiGay.

Num vídeo publicado depois da libertação, Tatchell afirma ter sido interrogado sobre as suas origens e sobre para onde vai após a passagem pelo Catar. "Sou solidário com os corajosos defensores dos direitos humanos do Catar que não podem expressar o seu ponto de vista porque temem a prisão e possivelmente até a tortura. Eu saúdo-os. Eles são os verdadeiros heróis", acrescentou.

No país anfitrião do Campeonato do Mundo de 2022, que terá lugar entre os dias 20 de novembro e 18 de dezembro, a homossexualidade é ilegal e pode levar a pena de prisão.

“Não pode haver relações desportivas normais com um regime anormal como o do Catar. Trata-se de uma ditadura homofóbica, sexista e racista. O Catar não pode ser autorizado a lavar a sua reputação através do desporto. Está a utilizar o Campeonato do Mundo para melhorar a sua imagem internacional. Temos de assegurar que o regime tirano de Doha não obtenha uma vitória de relações públicas”, afirmou o ativista.

Além de alertar para a situação no país, Tatchell falou ainda sobre o papel da FIFA no problema: “Apesar da FIFA dizer que a discriminação não será tolerada, se um jogador de futebol do Catar dissesse ser homossexual, seria mais provável que fosse preso e encarcerado do que escolhido para a seleção nacional. Isso é discriminação e contra as regras da FIFA. O ativista britânico diz ainda que ”a FIFA não conseguiu assegurar uma mudança no Catar" e que “não tem havido reformas legislativas sobre LGBT+ ou sobre os direitos das mulheres”.

"As melhorias para os trabalhadores migrantes têm sido, na melhor das hipóteses, irregulares. A FIFA está a deixar o Catar escapar a muitas das suas promessas quando lhe foi concedido o direito de realizar o Campeonato do Mundo”, aponta Tatchell.

Ao longo dos últimos meses, a organização da competição afirmou que todos serão bem-vindos no país durante o Mundial, mas, ao mesmo tempo, deixou uma advertência contra as manifestações públicas de afeto.