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Mundial 2022

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O diretor do Mundial não quer mensagens políticas e garante: “Existem sítios para as pessoas ficarem sóbrias se tiverem bebido em excesso”

Em entrevista, Nasser Al Khater fala do Campeonato do Mundo como “um torneio desportivo a que as pessoas querem ir para desfrutar”. O diretor do Catar 2022 considera que fazer do futebol uma “plataforma de mensagens políticas” é errado

Expresso

MUSTAFA ABUMUNES/Getty

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Nasser Al Khater, responsável pela organização do Mundial 2022, no Catar, deu uma entrevista à “Sky News” e referiu que fazer do futebol uma “plataforma de mensagens políticas” está errado, reiterando a função do torneio como um evento “a que as pessoas querem ir para desfrutar”.

O controverso Mundial do Catar tem na liderança um homem que já provocou a ira de várias federações, nomeadamente europeias, e que se contradisse em diversas declarações. Al Khater respondeu às críticas dos organismos inglês e galês sobre o tratamento dado aos trabalhadores migrantes que participaram na construção dos estádios, mandando as federações concentrarem-se nas equipas.

“Muitas das pessoas que falam sobre o problema dos trabalhadores… não são peritas na indústria. E não são peritas naquilo de que falam. E penso que elas se sentem obrigadas, que têm de falar. Penso que elas precisam de ler e educar-se um pouco mais sobre o que se passa no Catar”, disse Al Khater à “Sky News”.

Em Doha, a capital do país, o diretor do Mundial considerou que as críticas contínuas à organização do torneio podem ser consideradas racistas. Mas um grupo de trabalho da UEFA especializado em direitos humanos no país árabe esteve em conversações na sede da FIFA, na Suíça, esta quarta-feira.

Al Khater pede “respeito pela cultura” do Catar

O líder máximo da comissão responsável pelo Mundial disse também que os adeptos homossexuais serão bem-vindos e poderão mostrar afeto e as conhecidas bandeiras do arco-íris. Mas não será essa mensagem considerada política? “Ao fim do dia, desde que não façam nada que magoe outras pessoas, se não destruírem propriedade pública, desde que se comportem de forma não ofensiva, todos são bem-vindos e não têm nada com que se preocupar”, afirmou Al Kater.

De acordo com a cadeia de televisão britânica, o Catar não está disposto a mudar as suas leis anti-LGBTQ+ para responder às preocupações dos visitantes, mas as autoridades do estado têm insistido que ninguém será discriminado durante os 29 dias do torneio. Inclusivamente, os adeptos gay poderão dar as mãos em público.

Quanto à utilização das braçadeiras “OneLove”, usadas pelos capitães de várias seleções europeias e que pretendem lançar o alerta contra a discriminação, a favor do tratamento igualitário de todos os seres humanos, falta uma decisão da FIFA. Mas tudo leva a crer que essas não escaparão à designação “mensagem política”. Nasser Al Khater deixa o assunto nas mãos do organismo que tutela o futebol mundial: “Isto é um torneio desportivo que as pessoas querem desfrutar. Não penso que seja correto torná-lo numa plataforma para declarações políticas”.

Os adeptos irão assistir aos jogos em oito novos estádios, todos construídos à volta de Doha. Segundo a organização, continua a haver alojamento disponível, apesar de já terem sido vendidos 95% dos bilhetes.

Para organizar o Mundial, o Catar teve de abrir mais áreas para venda de álcool, alargando a habitual exceção atribuída aos bares dos hotéis, o que poderá levar a ajuntamentos de adeptos ruidosos e, porventura, embriagados, algo a que a primeira nação muçulmana a organizar um Campeonato do Mundo de Futebol não está habituada. Em resposta ao problema, Al Khater promete: “Existem planos em execução para as pessoas ficarem sóbrias se tiverem estado a beber em excesso. Serão sítios para assegurar que elas se mantêm em segurança e que não afetam os outros”.

A escolha do Catar como país organizador do Mundial foi tudo menos consensual. O líder da organização desvaloriza a questão e considera que o país tem sido acusado injustamente. “Aceitámos o desafio e temos estado à altura dele”, diz Al Khater.

O primeiro Campeonato do Mundo a acontecer no Médio Oriente abre as portas a 19 de novembro. Será o culminar de um trabalho de 12 anos, desde que o Catar recebeu o voto de confiança da FIFA para fazer história.