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Mundial 2022

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“Não queremos ser visíveis”: Hummel envia mensagem ao Catar através dos equipamentos da seleção da Dinamarca

Entre dar a cara ou optar por ignorar o óbvio, a Hummel, responsável pelos equipamentos da Dinamarca, optou pela primeira. A marca, que é a primeira a posicionar-se, vai estar presente no Mundial, mas não quer um lugar de destaque num local onde, para garantirem a realização do torneio, tantas pessoas perderam a vida

Rita Meireles

Lars Ronbog

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Quando o Mundial de 2022 começar, a 20 de novembro, o futebol vai ser tema de conversa em todo o lado, mas as leis que condicionam os direitos humanos no Catar ou o número de trabalhadores que morreram durante as obras de preparação para o torneio não serão ignorados. Pelo menos a marca desportiva Hummel faz questão que assim seja.

Esta quarta-feira foram divulgados os equipamentos que a equipa dinamarquesa vai usar na competição. O logotipo da marca e o emblema da equipa vão aparecer gravados na mesma cor que as próprias camisolas, para que desta forma não sejam facilmente visíveis.

“Queríamos enviar uma dupla mensagem. Não só [os equipamentos] são inspirados pelo Euro 92, fazendo um tributo ao maior sucesso do futebol dinamarquês, mas são também um protesto contra o Catar e o seu registo de direitos humanos”, explicou a Hummel nas suas redes sociais. “É por isso que atenuámos todos os pormenores. Não queremos ser visíveis durante um torneio que já custou a vida a milhares de pessoas”.

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Mas a mensagem não fica por aqui. O primeiro equipamento da Dinamarca será todo vermelho, como é costume, o segundo será branco e o terceiro totalmente preto. “A cor do luto. A cor perfeita para a terceira camisola da Dinamarca. Embora apoiemos a seleção nacional dinamarquesa até ao fim, isto não deve ser confundido com apoio a um torneio que custou a vida a milhares de pessoas”, lê-se.

No início do ano, o jornal “The Guardian” revelou que mais de 6.500 migrantes morreram durante a construção das infraestruturas necessárias para acolher o Campeonato do Mundo desde que a FIFA atribuiu o torneio de 2022 ao Catar. Sabe-se que a maioria desses trabalhadores eram naturais da Índia, Paquistão, Bangladesh e Sri Lanka.

Esta situação e muitas das leis do país que retiram os direitos a alguns grupos, como as mulheres e os homossexuais, levaram vários atletas a manifestarem-se publicamente contra a realização do torneio no Catar. A Hummel é a primeira marca a juntar-se ao protesto.