Clubes, federações e jogadores continuam a tornar pública a sua posição em relação à realização do Mundial no Catar. Desta vez foi o Hoffenheim, da liga alemã, que fez questão de mostrar de que lado da história está. A decisão, anunciada esta quinta-feira, é que o departamento de media não vai publicar qualquer história relacionada com a competição devido ao historial do país de violações dos direitos humanos.
O Catar, onde o Campeonato do Mundo decorre entre os dias 20 de novembro e 18 de dezembro, tem enfrentado intensas críticas de grupos defensores dos direitos humanos e dos adeptos, especialmente por causa da forma como vários trabalhadores foram tratados durante as obras de preparação para o torneio.
Segundo a organização não governamental Human Rights Watch, trata-se de um país onde mulheres e homossexuais são discriminados. Entre diversas leis, a liberdade de expressão é restrita, a homossexualidade é ilegal, o sexo fora do casamento é proibido e as demonstrações públicas de afeto podem levar a pena de prisão.
O departamento do clube alemão informou que, embora no passado tenham feito uma cobertura completa dos Campeonatos do Mundo para que os seus adeptos se mantivessem informados, em particular sobre os jogadores internacionais do Hoffenheim, desta vez isso não vai acontecer. Até porque seria impossível fazê-lo sem enviar o desporto para segundo plano e focar a analise nas principais questões não desportivas, tais como os direitos humanos.
"Todos estes aspetos desempenham um papel no sentido de não querermos simplesmente informar de uma forma despreocupada", disse o clube numa declaração. “Uma descrição comemorativa baseada puramente no aspeto desportivo, exclusivamente baseada em golos e performance, sem olhar para o quadro mais amplo onde este chamado festival de futebol será realizado, na nossa opinião, não é permitido”, pode ler-se também na declaração, em que o clube sublinha que não é possível fazer um ”necessário comentário analítico" sobre a prova estando a “milhares de quilómetros de distância”.
O governo do Catar afirmou que o seu sistema laboral ainda é um processo em desenvolvimento, mas negou as acusações feitas num relatório da Amnistia Internacional, que deu conta que milhares de trabalhadores migrantes estavam a ser explorados na construção de infra-estruturas para a prova.
Ao longo dos últimos dias, o país tem também recuado em algumas das suas leis, pelo menos para os visitantes que vão receber nos dias do torneio.