A menos que evolua para situações mais problemáticas, estar alcoolizado na via pública não é um crime na maioria dos países. Também não é algo pouco comum de se ver em grandes eventos desportivos. O problema é que beber em excesso em locais públicos no Catar pode levar a pena de prisão e é exatamente esse o país que vai acolher o Mundial de 2022, marcado para os últimos meses do ano.
A pouco tempo de receberem milhares de adeptos habituados a diferentes regras, um diplomata familiarizado com os briefings feitos à polícia estrangeira da parte do Catar, contou à Reuters que os adeptos apanhados a cometer delitos menores, tais como embriaguez pública, escaparão a qualquer acusação ao abrigo dos planos que estão a ser desenvolvidos pelas autoridades da nação.
Embora a estratégia policial para a competição ainda não esteja finalizada, os organizadores disseram aos diplomatas e à polícia que pretendem mostrar flexibilidade para infrações relativamente menores.
"O aumento da clemência agrada à comunidade internacional, mas vem com o risco de perturbar os conservadores dentro do país", disse outro diplomata ocidental à mesma agência.
Quem ainda não fez qualquer comentário sobre a abordagem ao policiamento foi a própria organização do torneio. Sendo assim, os adeptos continuam a ser alertados pelas embaixadas dos países em competição em relação às punições que podem surgir por causa de comportamentos que seriam tolerados noutros locais.
"Lembrem-se, enquanto estiverem no Catar estão sujeitos às leis locais", disse o diplomata americano Morgan Cassell num vídeo publicado no Youtube.
De acordo com a lei do Catar, a liberdade de expressão é restrita, a homossexualidade é ilegal e o sexo fora do casamento é proibido. A embriaguez pública pode incorrer numa pena de prisão de até seis meses e algumas situações consideradas normais noutros locais, como demonstrações públicas de afeto ou o uso de determinadas roupas, podem ser motivo para uma pessoa ser presa.
"Discutir ou insultar outros em público pode levar à detenção. Atividades como protestos, acusações religiosas, defesa do ateísmo e críticas ao governo do Catar ou à religião do Islão podem ser criminalmente processadas aqui. Isto aplica-se também às vossas publicações nas redes sociais", avisou Cassell.