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O "bom estado de forma" colocou Isaac Nader na final dos 1.500 metros dos Mundiais: "Todos pensam nas medalhas e eu não sou diferente"

O "bom estado de forma" colocou Isaac Nader na final dos 1.500 metros dos Mundiais: "Todos pensam nas medalhas e eu não sou diferente"
Emilee Chinn

O atleta de 26 anos ficou em quarto lugar na meia-final e vai marcar presença na corrida decisiva (quarta-feira, às 14h20). O outro português em competição nos 1.500 metros, José Carlos Pinto, ficou pelo caminho

O português Isaac Nader qualificou-se para a final dos 1.500 metros dos Campeonatos do Mundo de atletismo Tóquio2025, com o quarto lugar na segunda meia-final, enquanto José Carlos Pinto foi eliminado.

Isaac Nader segurou uma das 12 vagas na final, marcada para quarta-feira, às 22:20 locais (14:20 em Lisboa), com o tempo de 3.36,86 minutos, que lhe valeram o quarto posto na série mais lenta, comparativamente com a primeira, que afastou José Carlos Pinto, nono, em 3.36,23.

O recordista português, com os 3.29,37 conseguidos em 24 de junho, avançou confortavelmente, apesar de, na abordagem à reta da meta, ter arriscado ficar bloqueado: “O importante é que o segundo objetivo foi cumprido, estar na final”.

“Hoje, cometi um erro a faltar 250 metros que podia ter custado caro, mas, com bom estado de forma, responde-se praticamente a qualquer coisa. Fui quarto, não valia a pena forçar mais. (...) Se desfaço [a corrida], ficava fora. Realmente, tive de confiar muito nas minhas características em corridas mais táticas. Eu sei que a minha parte final é forte, mas tenho de ser forte em tudo”, sintetizou o atleta do Benfica.

O medalha de bronze nos Europeus em pista curta Apeldoorn2025 assumiu a satisfação por voltar a uma final de um Mundial, depois de ter sido 12.º e último em Budapeste2023, ao 'quebrar' nos derradeiros 200 metros, tendo, em 2024, sido 10.º nos Europeus Roma2024, após 'pagar' o desgaste de uma queda na semifinal, e ficado de fora da corrida decisiva nos Jogos Olímpicos Paris2024.

“Como disse ontem [domingo], agora posso ser último como posso ser primeiro. Todos pensam nas medalhas e eu não sou diferente. A final vai ser em bases mais lentas, de certeza. Se for em 3.32, 3.31, abre o leque. Talvez para o Nader de hoje possa ser mais fácil chegar na frente. Só posso prometer o meu melhor”, afirmou o meio-fundista, de 26 anos.

Apesar de ser, a par de Pedro Pablo Pichardo, no triplo salto, uma das principais esperanças portuguesas para chegar aos pódios da 20.ª edição dos Mundiais, o algarvio foi perentório: “Coloco menos pressão em mim, menos peso emocional, mas vai ser um dia difícil, daqui a dois dias”.

O também atleta do Benfica José Carlos Pinto, de 28 anos, terminou as semifinais com a nona melhor marca desta fase, após disputar a série mais rápida, sem que isso lhe valesse a qualificação.

“Não estranhei, até esperava que fosse um bocadinho mais lenta. Os adversários queriam mais rápida, para não terem problemas na frente. Tentaram fazer o que eu tentei ontem [domingo] na última volta”, resumiu.

No entanto, o atleta, de 28 anos, agora treinado pelo norueguês Gjert Ingebrigtsen, pai do também participante nos 1.500 metros Jakob Ingebrigtsen, reconheceu ter cometido erros.

“Taticamente, não fiz uma corrida muito boa. Ainda assim, tenho de estar grato pela minha época. Passo de atleta nacional, que ia a Europeus por sorte, por assim dizer, para estar nos maiores palcos do atletismo. Vinha como 30.º do ranking e devo sair no top 10. Só posso pôr as culpas em mim e tirar coisas boas daqui”, assegurou.

O meio-fundista natural de Lagares da Beira, em Oliveira do Hospital, assumiu a surpresa com a eliminação do companheiro de treino, o norueguês Narve Gilje Nordas, na mesma série, com o tempo de 3.35,23.

“Foi uma surpresa para mim, mas eu não vi, porque ele seguia atrás e passou por mim como uma ‘bala’. Tentei reaver alguma coisa nos últimos 100 metros. Se calhar, ataquei demasiado cedo, a 300 metros tentei pôr-me nos quatro primeiros. Voltei a encostar na pista dois e, se calhar, foi o meu erro”, admitiu Pinto, que tem como melhor marca os 03.31,94 conseguidos já este ano.

O melhor resultado português na distância continua a pertencer a Rui Silva, que foi terceiro classificado em Helsínquia2005, além de quinto em Paris2002 e sétimo em Edmonton2001, enquanto Mário Silva foi sexto em Tóquio1991.

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