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Não é repetição, é mesmo outra vez: Mondo Duplantis bate recorde do mundo do salto com vara pela 14.ª ocasião (e vence o ouro, claro)

Não é repetição, é mesmo outra vez: Mondo Duplantis bate recorde do mundo do salto com vara pela 14.ª ocasião (e vence o ouro, claro)
Hannah Peters

O lendário sueco chegou aos 6,30 metros em Tóquio, superando a fasquia que o próprio colocara há um mês. Com os adversários transformados em fãs, Duplantis é já tricampeão do mundo

Não é repetição, é mesmo outra vez: Mondo Duplantis bate recorde do mundo do salto com vara pela 14.ª ocasião (e vence o ouro, claro)

Pedro Barata

Jornalista

Mondo Duplantis não tem opositores. Tem testemunhas, espectadores privilegiados da grandeza. O sueco dá o seu show e quem vê mais de perto considera-se afortunado por assistir na primeira fila.

O concurso do salto com vara tinha a medalha de ouro reservada antes de começar. Os outros lutavam pela prata e pelo bronze e, como prémio, assistiam a história.

Emmanouil Karalis, o grego que fora bronze em Paris 2024, já celebrava o segundo lugar obtido, saltando 6 metros. Kurtis Marschall, australiano, também era todo sorrisos graças aos 5,95 metros que lhe permitiam pendurar o bronze ao pescoço.

6 metros para o segundo. 5,95 para o terceiro. Pois bem, o primeiro estava com 6,15 metros, conseguidos sem esforço, suavemente.

O mundo de diferença entre Mondo e as suas testemunhas era previsível. A dúvida era saber se, um mês depois de Budapeste, o sueco voltaria a bater o recorde.

Hannah Peters

No início do concurso, quando Duplantis fez um primeiro ensaio a 5,55 metros, a imagem foi quase ridícula, como um adulto a brincar a um jogo de crianças. Rapidamente a emoção se concentrou em saber se os 6,30 metros seriam superados.

Com todos os demais lugares atribuídos, entrou-se na zona Mondo. Karalis, o segundo que não é perseguidor, segurava numa pequena ventoinha para refrescar o sueco, que se concentrava antes da primeira tentativa. No esforço inicial, a fasquia foi derrubada, no segundo também. Haveria mais um salto.

Kurtis Marschall, o bronze, juntava-se a outros atletas num apelo virado para as câmeras. "Não desliguem, continuem a ver", ouvia-se, pedindo a quem assistia para se juntar no grupo de testemunhas. Havia mais um ensaio.

Concentração, olhar para a fasquia, corrida, salto. 6,30 metros superados, novo recorde do mundo, Mondo a superar a melhor marca de sempre pela 14.ª vez. Entre 1984 e 1994, o lendário Sergey Bubka melhorou a marca em 17 ocasiões. O nórdico vai em 14 nos últimos cinco anos.

Dois ouros olímpicos, três títulos mundiais em pista coberta, agora três ao ar livre. Mais €85 mil por este centímetro que Duplantis ganhou a si próprio. Até à próxima vez que houver uma vara, um salto, uma fasquia, um colchão. E testemunhas que têm a sorte de partilhar concurso para aplaudir.

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